Família clama por justiça

2012-01-11

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Família do menino que nasceu sem pé deve avançar para os tribunais.
O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) abriu um inquérito interno para averiguar como foi acompanhada a gravidez de uma criança que nasceu no domingo, 1 de Janeiro, sem um pé, o esquerdo. A abertura do inquérito foi anunciada em conferência de imprensa na passada quarta-feira, 4, pelo director do Departamento de Saúde da Criança e da Mulher, José Martinez, que admite que "houve qualquer coisa que não funcionou bem".
Segundo este responsável, este é um caso "que é preciso esclarecer", pois é uma limitação "séria" para a pessoa, no futuro. "Temos que avaliar o que se passou na assistência e porque não houve uma comunicação atempada da anomalia" afirma José Martinez, que classifica o caso como uma "situação súbita" para as quais a família "poderia estar preparada" se detectada atempadamente. O problema só foi conhecido no momento do parto, no Hospital Pêro da Covilhã, e segundo o médico, "toda a gente ficou pasmada com a situação".
Quem não se conforma é a família, que dizendo nada ter contra o hospital, já não aplica a mesma medida em relação à médica em causa, Nélia Pereira. Elisabete Domingos, a mãe do bebé, em declarações ao DN diz que a médica sempre lhe garantiu que a criança era "perfeitinha" se sempre fez tudo o que lhe era indicado, durante a gravidez, "fiz as ecografias dos três, cinco e oito meses" e que não acredita que a médica não tenha dado conta. "Ela própria já confirmou que sempre soube" acusa a mãe. Que acusa a médica de ter omitido a deficiência "porque tinha medo que eu abortasse". José Martinez, porém, não acredita que tenha havido ocultação. "Acho isso muito estranho, pois o perfil da médica não joga com essa postura" assegura. Martinez afirma que agora é preciso averiguar se houve erro médico ou se, por outro lado, a anomalia ocorreu já numa fase muito adiantada da gravidez, sem que se tenha dado conta. "Nesta fase acontece, por vezes, o desaparecimento de segmentos" afirma. E acha "muito pouco provável a postura da médica apontada pela família". O médico diz que estas acusações podem surgir do "mau entendimento das palavras" dadas pela médica, numa fase em que a família "está perturbada e recebe a informação de forma deturpada". E volta a assegurar que o acompanhamento pré-natal "foi normal".
Queixa no Hospital; tribunal também é hipótese
Para já, certo é que a família, residente no Tortosendo, apresentou queixa formal no hospital e diz já ter uma advogada a tratar da entrada do processo na justiça. O avô da criança, José Domingos, garante que a filha fez "todos os exames, não faltou a nada" e que a médica "sempre lhe disse que tudo estava bem". Apanhado "de surpresa" com a deficiência da criança, o avô diz que o pai do menino, emigrado no Brasil, "está doido com o que aconteceu" e que apenas está "contra a médica, nada apontando ao hospital. Promete ir até ao fim, na justiça, para que a profissional de saúde "seja punida" e que "não faça a mais ninguém o que nos fez a nós". Ao hospital apenas pede "que assuma a responsabilidade" de ajudar agora o menino. "Nem que agente tenha que ir ao fim do mundo para que o meu neto fique bem" diz. Já a tia, Cátia, que exibe os exames, "em que está sempre tudo normal", acredita "que se faça justiça".
Da parte do hospital, o responsável da unidade de neonatologia, Ricardo Costa, assegura que a partir de agora o bebé será acompanhado em consultas de neonatologia e ortopedia, sendo orientado para um centro de referência em malformações congénitas, possivelmente em Coimbra, que deverá esclarecer o que provocou esta deficiência. Apostar na reintegração da criança de forma a que, nas várias etapas da sua vida, possa fazer uma vida o mais normal possível, é o próximo passo. Por exemplo, os primeiros passos deverão ter ajuda especializada. "A criança será seguida" assegura. Quanto à médica em questão, segundo o hospital, pediu alguns dias de férias. A criança teve alta na quarta-feira.