Este País não está a ser para todos, mas, todos, os de bom senso, devem exigir que o sol estenda os seus raios para todos, sem exceção.
"Isto é que vai uma crise.. Este País é um colosso, tá tudo grosso, tá tudo grosso…" Este refrão cantava Ivone Silva, emparelhando com Camilo de Oliveira, num dos seus números de revista, já lá vão uns anos. E continua atual! "Ai Agostinho, ai Agostinha, que rico vinho, vai uma pinguinha. Este País perdeu o tino, a dar ao fino, a dar ao fino".
Para quando é chegada a altura de soltarmos o grito de Ipiranga, ainda que numa de nostalgia dum passado longínquo? Da incompetência ao descaramento, de tudo vai um pouco, santo Deus! Até já os angolanos gozam no ridículo de uma licenciatura, caricata, dum ministro português (as notícias de escárnio inserem-se no Jornal de Angola, no período de veraneio de 2012, sob a forma humorística…).
Não somos senhores da nossa independência. Portugal vê-se reduzido a uma espécie de protetorado e, por isso, sonhamos com o grito de D. Pedro IV, nesta triste situação para um país que se orgulha de ter aberto as portas para o mundo.
Estes nossos atuais governantes, assim como os de um passado recente, fazem lembrar o célebre assalto ao comboio-correio, ocorrido há cinquenta anos, na ligação de Glasgow para Londres, tal a forma como assaltam os bolsos de todos nós, quer sejamos da classe média, remediados ou pobres.
E, por isso, é bom lembrar que os portugueses já tiveram ocasiões de se vingarem duma forma audaz e de sentido patriótico. Em 6 de dezembro de 1383 um grupo de nobres, encabeçados por D. João, mestre de Aviz, terminaram com a situação que se vivia no País, pois a paciência contra aqueles que pretendiam vender Portugal a Castela estava esgotada. Vivemos de facto num estado de direito, mas também D. Leonor Teles se considerava legítima rainha e os heróis da primeira revolução portuguesa não pensaram assim. Afirmavam que o poder da rainha D. Leonor era ilegítimo porque não defendia o interesse nacional, efetuando uma utilização abusiva do poder. É o que se passa atualmente, com uma caterva de corruptos e figurões dotados de uma chico-espertinice portuguesa congénita, a sorrirem-se para a ineficácia dos nossos tribunais.
Mas podemo-nos também lembrar do 1 de dezembro de 1640, decorridos mais de dois séculos e meio daquela primeira revolução, em que os quarenta conjurados acabaram com o domínio filipino de seis décadas da "troika" espanhola daquela tempo.
Este País não está a ser para todos, mas, todos, os de bom senso, devem exigir que o sol estenda os seus raios para todos, sem exceção.; e, as chuvas, sirvam para matar a sede também de todos.
Já um dia Eduardo Prado Coelho afirmava que "pertenço a um país onde a esperteza é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais que o euro. Um país onde ficar rico de noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais".
Neste 2013 vamos continuar a ter um Presente sacrificado em nome de um Futuro que nunca mais chegará, este Futuro que mais não é que uma esperança, permanentemente diluída na dureza da realidade.
Mas, todos nós, os que neste momento sofremos as vicissitudes deste presente envenenado do Presente, que os atuais governantes nos oferecem, temos tanto direito a ser felizes quanto as gerações vindouras! Por isso, a nossa raiva é grande, face a esta incomensurável falta de respeito de tantos meninos que nos desgovernam. Pois, segundo E.M. Forster, "A tolerância é uma virtude muito pouco interessante. É aborrecida. Ao contrário do amor teve sempre má publicidade. É negativa. Significa apenas aturar os outros e ser capaz de aguentar as coisas".
Se, problemas idênticos já se verificavam no século XIX, com situações muito atuais reclamadas, à época, por Eça de Queirós, constatamos, assim, a incapacidade dos portugueses de se saberem auto governar. Isto também numa altura desta grave crise em que, se a zona euro voltar a espirrar, o mundo constipa-se. Os países emergentes já abanam o poder dos gigantes americanos.
O maior problema desta crise é que nunca, na história moderna, tivemos tanto endividamento quanto aquele que hoje existe, com números estarrecedores (120% por cento do PIB).
Com os olhos bem abertos, firmes como rochas, e exigentes, que mais não seja, pelos valores da vida, procuremos dar um rumo de encontrar a luz ao fundo do túnel, neste ano vigente, já que a luz vermelha se encontra ainda acesa no semáforo das nossas vidas de cidadãos portugueses.
Autor
João de Jesus Nunes
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
País / grosso / Presente / lembrar / segue / atuais / portugueses / crise / Silva / Oliveira
Entidades
Ivone Silva / Camilo de Oliveira / Ai Agostinho / Agostinha / D. Pedro IV
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