Paris, a cidade luz no país des lumières.
Paris, cidade luz, cidade dos artistas, dos boulervards, da moda, dos perfumes, dos monumentos, do amor… de La Vie en Rose, de Edith Piaf, mas, sobretudo, Paris, capital de França, um país cujos ideais estão expressos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, traduzidos igualmente nos princípios Liberté, Egalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade, Fraternidade).
Paris viveu, no passado dia 13, uma sexta-feira sangrenta e a luz própria da cidade deu lugar às trevas, à mais profunda escuridão, matando pessoas indefesas que assistiam a um jogo de futebol, pessoas que comiam no restaurante, pessoas que calmamente conversavam em esplanadas, pessoas que assistiam a um concerto no famoso Bátaclan, depois de uma semana de trabalho.
O mundo mudou desde que as Torres Gémeas em Nova Iorque foram destruídas. O sucedido veio balizar o mundo, nada voltando a ser como dantes. A dor, o medo e a insegurança tomaram a Humanidade de assalto.
E agora Paris?
Por todo o lado se assiste a manifestações de pesar junto dos seis lugares onde ocorreram os massacres: velas e flores colocadas com grande comoção amontoam-se aos milhares.
Tal como escrevi no texto da semana passada, para este mesmo jornal, "o caos instala-se e a insegurança ganha corpo".
As sociedades, fruto da dissolução de fronteiras de toda a espécie, mudaram, fragmentaram-se, e com elas parece ter vindo a barbárie e o declínio do social.
Já não queremos acreditar no progresso, pois a eclosão desta violência sem limites torna-se angustiante.
Contudo, não podemos cair no medo, cair na angústia de que a violência instalada destruirá tudo à sua passagem, mas, por outro lado, não devemos considerar o que se passou em Paris como meros acidentes ou casos isolados. Igualmente, não devemos acreditar em catástrofes inevitáveis, mas devemos tomar consciência de que o terrorismo pode mesmo morar à nossa porta.
A carnificina que em Paris teve lugar mostrou uma violência sem limites praticada por um grupo de jovens completamente à deriva.
Urge um novo dinamismo, urge deixarmos que o mundo nos aprisione e que o medo nos paralise. As relações de cada um de nós com nós mesmos detêm uma importância tão intensa como aquela que sentíamos antes de tudo acontecer. O mundo não desmoronou. Vamos banir o medo, vamos tentar construir uma nova representação da vida social, para não perdermos o sentido da vida.
Por cá, continuaremos a dar importância aos fatos e às pessoas que realmente merecem.
Termino, com a alusão ao filme "Casablanca", onde todos os presentes cantaram enfrentando o medo e a tirania dos inimigos: Marchons, Marchons, Vive la France!
Autor
Maria da Graça Sardinha
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Paris / cidade / Egalité / Fraternité / Liberdade / Igualdade / Fraternidade / país / Rose / Piaf
Entidades
Edith Piaf / Termino / Liberté / Egalité / Fraternité (Liberdade
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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