Escolas primárias sinalizadas ainda não sabem se fecham. A menos de um mês do arranque das aulas, autarcas das freguesias afectadas mostram preocupação.
O Interior há-de ser só pastores e agricultores. Se quiserem, vamos para Lisboa com os nossos rebanhos e enxadas. Nós, no Interior, pagamos os mesmos impostos. Mas está-se aqui a criar o interior do Interior". É assim que o presidente da União de Freguesias de Cantar Galo e Vila do Carvalho, Pedro Leitão, comenta a possibilidade de fecharem, no concelho, no próximo ano lectivo, nove escolas primárias, já sinalizadas pelo Ministério da Educação. A grande maioria em zonas rurais e de difícil acesso.
Na passada segunda-feira, na já desactivada escola da Bouça, na freguesia de Cortes do Meio, os autarcas das localidades afectadas juntaram-se a pais e crianças para manifestarem o seu repúdio e indignação, face a tal possibilidade. E sobretudo a falta de respeito do Governo para com eles, pois a menos de um mês do início das aulas, ainda ninguém sabe se as escolas encerram ou não. E os pais estão preocupados, pois não sabem para onde irão os seus filhos estudar.
"Isto é uma falta de respeito. Um ataque à Constituição. É a degradação da escola pública por critérios economicistas que levarão á privatização do ensino. Não é verdade que mais quantidade de pessoas é melhor qualidade do ensino. Devia haver incentivos à fixação de pessoas no Interior e não o contrário. É a mesma coisa que dizer ás pessoas para não virem para cá viver" lamenta Pedro Leitão.
Neste ano lectivo, estão sinalizadas para encerrarem as escolas de Vila do Carvalho, Barroca Grande, Cortes do Meio, Coutada, Ourondo, São Jorge da Beira (mais o jardim de infância), Vales do Rio, Orjais e Verdelhos. Na segunda-feira, os autarcas destas terras (dois faltaram por compromissos profissionais) manifestaram-se contra "a degradação da vida das pessoas. Perde-se qualidade, as crianças saem cedo e voltam tarde a casa, perdendo até horas de estudo. Cria-se um efeito perverso na população. É uma falta de respeito, pois não temos conhecimento de nada. Os pais não sabem onde vão deixar os filhos, se na sua terra ou noutro lado, e a DREC é vaga em respostas, remetendo apenas para a lei" frisa Pedro Leitão. Que apela ao dirigente da FENPROF, Mário Nogueira, para que assuma a sua posição. "Que diga se interessa ou não o fecho de escolas. Era importante, pois tem capacidade de mobilizar".
Autor
NC
Palavras-Chave
Interior / Escolas / Autarcas / Leitão / pois / Pedro / pessoas / arranque / lectivo / sinalizadas
Entidades
Pedro Leitão / Mário Nogueira / União de Freguesias de Cantar Galo / Constituição / DREC
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