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Combate à pobreza passa por mudança de mentalidades

2010-04-14

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Bispo da Guarda diz que é preciso motivar para a inclusão.

A luta contra a pobreza tem de começar na mudança de mentalidades, diz o Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, que na quarta-feira da semana passada, 7, participou na conferência "Acabar Com a Pobreza Na Cova da Beira Já!", realizada no Pólo Ernesto Cruz da Universidade da Beira Interior.

"Os pobres devem querer deixar de ser pobres" sublinha D. Manuel Felício. "Temos de motivar as pessoas para a inclusão, porque pior que a pobreza material é a exclusão. Ela põe as pessoas fora do processo, fora do desenvolvimento, fora da dignidade", sublinha D. Manuel Felício.

Para o Bispo da Guarda "a tendência das pessoas é para o comodismo, para a dependência". Embora sejam necessárias respostas imediatas, para não deixar agravar casos muitas vezes já de extrema carência, o objectivo é "entusiasmar as pessoas a sair dessa dependência".

A acção de quem orienta e dá apoio deve ser, salienta o Bispo, aconselhar as pessoas a quererem ter uma vida diferente e agirem em função disso. "Temos de dizer-lhes venham trabalhar. Quem recebe o Rendimento Social de Inserção, devemos dizer-lhe: Venha fazer qualquer coisa. Nem que seja ajudar a fazer algo útil, porque nós não fomos feitos para passar a vida a dormir, mas sim para intervir socialmente e materialmente". D. Manuel Felício acrescenta: "Todos os desempregados a receber subsídio deviam ter de fazer qualquer coisa. Se não o fizessem devia pôr-se em causa receber essas importâncias". A ideia, defende, é combater o imobilismo.

Esse caminho de redução da pobreza, salienta o Bispo, passa pelas instituições que já operam no terreno, mas também pelo Governo, "ao adoptarem políticas que privilegiem aqueles que têm mais dificuldade a entrar no processo de desenvolvimento".


Formação deve ter "horizonte"

Na jornada da passada quarta-feira, organizada pela Comissão Diocesana Coordenadora do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, a primeira de três a realizar na área da Diocese da Guarda, D. Manuel Felício mostrou-se também preocupado com o objectivo e utilidade de muitos dos cursos de formação profissional que estão a ser ministrados a quem não tem emprego. "Temo que a formação que está a ser dada é para encobrir o desemprego. As pessoas acabam uma e vão para outra, quando ela devia ter o horizonte de criar novos empreendedorismos", alerta.

O desemprego é uma das preocupações, por potenciar as situações de carência. Mas o Bispo da Guarda refere que "hoje há novas formas de pobreza". Como exemplo aponta o abandono e o isolamento.

Eugénio Fonseca, presidente da Caritas, frisa que "a pobreza é uma violação dos direitos humanos". "O combate à pobreza deve ser um imperativo humano e social. O Estado deve assumir isso", acrescenta. O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, também presente na cerimónia de abertura, preferiu abordar o que considera ser outro tipo de pobreza, ou gerador dessa condição. O autarca falou na "injustiça territorial", numa abordagem à forma como os recursos são distribuídos pelo Governo. "Há uma visão distorcida de um País equilibrado", alertou. Carlos Pinto fez ainda referência à existência de cabazes financeiros na União Europeia e à incapacidade de utilizar esses recursos, numa alusão ao Quadro de Referência Estratégico Nacional. "Se não estamos a criar riqueza, estamos a gerar pobreza". A saída diária de Portugal de 300 emigrantes foi outro aspecto mencionado pelo edil.

Na jornada participaram ainda João Queiroz, reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Pedro Guedes de Carvalho, presidente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI, Carlos Salguinho, da equipa de Acção Social da Câmara Municipal da Covilhã, Miguel Bernardo, presidente da Associação Comercial e Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor, Paulo Pinheiro, presidente do Banco Alimentar da Cova da Beira e António Saraiva, coordenador das Conferências de São Vicente de Paulo.

Na próxima quarta-feira, 21, as Jornadas Diocesanas repetem-se em Seia, nas instalações da Escola Superior de Turismo e Hotelaria.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
pobreza / Bispo / Felício / Manuel / Guarda / pessoas / mudança / mentalidades / Acabar / Pólo

Entidades
D. Manuel Felício / Eugénio Fonseca / Carlos Pinto / João Queiroz / Pedro Guedes de Carvalho

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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