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Vítimas de violência doméstica têm apoio na Covilhã

2010-07-21

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O tema está a deixar de ser tabu e cada vez mais as vítimas perdem a vergonha de denunciar os casos de violência. Na Covilhã um gabinete de apoio ajuda utentes de todo o distrito.

Foi criada no final do mês de Maio na Covilhã e já realizou cerca 20 atendimentos. O Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, que tem sede junto à Adega Cooperativa da Covilhã, é uma iniciativa da CooLabora.

O número de pessoas a recorrerem ao Gabinete em mês e meio "ultrapassou as expectativas", afirma Ângela Santos, psicóloga responsável pelo apoio. O número tem duas leituras. "O lado bom é que as pessoas começam a recorrer a ajuda profissional, por outro lado não deixa de ser preocupante", explica. "Mas o facto de não haver pessoas a recorrerem a este tipo de serviços não significa que não existam casos de violência e violência doméstica. Apenas significa que eles estão escondidos".

O Gabinete fornece três tipos de serviços. Apoio psicológico à vítima, encaminhamento social sempre que a situação a isso obrigue e informação jurídica para as vítimas que pretendem avançar para a barra da justiça.

"Há pessoas que vêm ter connosco mas que não querem fazer queixa. As pessoas podem não querer denunciar e nós respeitamos isso. Se não garantíssemos essa confidencialidade as pessoas não viriam", frisa. No entanto, o mesmo não acontece quando existem menores envolvidos. "Nesses casos sinalizamos de imediato o caso à protecção de menores".

Até agora registam-se utentes da Covilhã, do Tortosendo, do Ferro mas também do Fundão. "Qualquer pessoa do distrito pode-nos contactar, seja por telefone, telemóvel, e-mail ou presencialmente. De modo a responder mais eficazmente às necessidades dos utentes, funcionamos às segundas, terças, quintas e sextas-feiras das 11h30 às 14 horas e das 15 às 19h30. Porém, em caso de incompatibilidade de horários, existe possibilidades de solicitar o atendimento em horários a combinar".

A CooLabora é uma cooperativa de consultoria e intervenção social. "Tem por missão contribuir para a inovação social no desenvolvimento das pessoas, das organizações e do território, através da actuação nas seguintes áreas temáticas: igualdade de oportunidades; participação cívica; educação e formação; inclusão social", pode-se ler no seu sítio na Internet. Já o Gabinete foi criado no âmbito de um projecto financiado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, no âmbito do programa Operacional do Potencial Humano.

"Este é um problema que atinge a sociedade na vertical"
Grande parte dos utentes do recém-criado Gabinete é do sexo feminino. Mas também já apareceram homens. "Não nos podemos esquecer que também as crianças sofrem de violência doméstica", lembra Ângela Santos. "Há casos em que os próprios pais, já idosos, são vítimas de violência por parte dos filhos", conta.

"Este é um problema que atinge a sociedade na vertical. E são as pessoas de estratos sociais mais baixos que mais recorrem. As vítimas que pertencem a classes sociais mais elevadas têm tendência a ter mais vergonha de denunciar", explicita a psicóloga.

Para um futuro próximo o trabalho passa também por criar uma estrutura de acompanhamento a agressores. "Estamos a começar a delinear esse projecto, que deverá contar com a parceria da Universidade da Beira Interior. Iremos intervir num acompanhamento pessoal mas também a nível de grupo. O objectivo é ajudar as pessoas a lidar com a violência e conseguir com que a controlem".



Autor
João Filipe Pereira

Categoria
Local Covilhã

Palavras-Chave
Covilhã / gabinete / pessoas / violência / Vítimas / doméstica / casos / utentes / social / denunciar

Entidades
Ângela Santos / Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica / Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género / Operacional do Potencial Humano / Covilhã

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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