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Centro de Alcoólicos Recuperados suspende a actividade por falta de apoios

2013-01-02

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José Manuel Amarelo fala numa situação de "angústia".

"Acabou!", disse na última quinta-feira, 27, José Manuel Amarelo, ao anunciar a suspensão das actividades do Centro de Alcoólicos Recuperados da Cova da Beira, em funcionamento há 13 anos.
O desgaste por tantos anos de dedicação intensiva, sem apoios, é o motivo invocado pelo principal dinamizador da estrutura. O trabalho, salienta, não se resume à motivação para o tratamento clínico. Tão ou mais importante é depois o acompanhamento dado a quem recupera e às famílias, para evitar recaídas. Até porque muitas acabam por ter problemas associados ao alcoolismo.
"Já nos foi prometida muita coisa, mas o tempo esgota-se", disse, dias antes, José Manuel Amarelo, ao NC. "É uma associação privada que nunca contactou formalmente a câmara a solicitar apoio. Desconheço o assunto e não vou pronunciar-me sobre uma situação que desconheço", diz Paulo Rosa, vereador com o pelouro da Acção Social.
Segundo Amarelo "são momentos de angústia". A maior preocupação, em que a intervenção incide, é nos estratos sociais mais baixos. Quem tem dinheiro, diz o presidente do CARCB, tem vergonha de se tratar na região ou prefere não dar a cara. Quem tem mais baixos rendimentos, muitos desempregados, tem necessidades básicas a que o grupo tem acudido, para as pessoas não se sentirem desapoiadas.
Até agora José Manuel Amarelo conta ter sido o grande suporte financeiro, com a ajuda de voluntários e das Conferências de São Vicente de Paulo. "Neste momento a crise bateu à porta de toda a gente e à minha porta também", referia, antes da decisão de suspender a acção do grupo.
1500 alcoólicos recuperados
"Trabalhamos a parte social das pessoas. Sabemos que ajudámos cerca de 1500 alcoólicos, mas o número não é importante, porque temos de multiplicar isso pelas famílias", acentua. Ao longo dos anos, existiram alguns apoios pontuais e Amarelo diz existirem promessas, "mas só promessas não chegam, porque a família que está a passar fome ou precisa de uma botija de gás não pode esperar, nem o doente que não tem dinheiro para ir à urgência".
"Queremos que alguém pegue neste centro e lhe dê o melhor rumo", pede José Manuel Amarelo, para quem o ideal seria uma instituição social já com uma estrutura montada, que pudesse acrescentar esta valência e tivesse alguém que já passou pelo mesmo a motivar os alcoólicos, a orientar a terapia de grupo e a fazer o acompanhamento. "Já pedimos, mas ninguém nos ouve. Isto é uma agonia permanente, porque sabemos que podemos salvar vidas", realça. "Há dinheiro para os toxicodependentes e o alcoolismo é o parente pobre", lamenta o presidente do CARCB.
Em 2001 a autarquia cedeu uma carrinha. Em 2004 o grupo associou-se à Unidade de Tratamento de Alcoologia do Centro Hospitalar Cova da Beira, onde passou a fazer voluntariado. No ano passado a Mutualista Covilhanense cedeu as suas instalações ao CARCB para instalar a sede e fazer as reuniões.
Na vertente clínica o apoio, assegura Amarelo, é total. Mas insuficiente, já que reforça a necessidade de uma intervenção mais abrangente e defende que está na hora de as forças vivas da cidade ajudarem ou repensar o projecto.



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Local Covilhã

Palavras-Chave
Amarelo / Manuel / José / Acabou / Alcoólicos / Centro / Recuperados / CARCB / actividade / Social

Entidades
José Manuel Amarelo / Desconheço / Paulo Rosa / Centro de Alcoólicos Recuperados da Cova da Beira / Acção Social

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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