Número de pessoas a pedirem insolvência cresce no distrito.
Os números do desemprego não param de aumentar em todos os concelhos e no distrito, em Setembro, eram 13.850 as pessoas sem trabalho inscritas no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), incluindo as que estão associadas aos Contratos de Emprego-Inserção, os antigos programas ocupacionais, frequentados por 1621 desempregados.
No último ano foi em Castelo Branco que a situação mais se agravou e é também o concelho onde os registos do desemprego são em maior número: 4489 pessoas. Na Covilhã são 4332 os desempregados e no Fundão 1957. Só desde Abril último, na capital de distrito, 1008 pessoas ficaram sem emprego, "mais de 400 são jovens com menos de 34 anos", sublinha Marisa Tavares, vice-presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa.
Os números foram evidenciados pela União dos Sindicatos de Castelo Branco, na Covilhã, há duas semanas atrás. Luís Garra, coordenador da estrutura, nas mais de três décadas ligado ao movimento sindical considera que este é "talvez o momento mais dramático que estamos a viver", resultado do "tão acelerado empobrecimento".
"Desemprego real é muito maior"
O sindicalista alerta para a existência, hoje, de um "desemprego mais silencioso". Antes encerravam empresas com alguma dimensão e isso causava impacto mediático. Actualmente, vinca, são muitas pequenas empresas, do pequeno comércio à microempresa de construção civil. "Não é uma coisa muito visível, por isso não se fala muito nisso", nota. "É um quadro gravíssimo", alerta, acrescentando ter cada vez mais conhecimento de situações dramáticas. E embora enalteça o trabalho de muitos voluntários que dedicam parte do seu tempo a ajudar os outros, salienta que a caridade não é o caminho para fazer face a estas soluções, mas sim "o emprego com direitos", de forma a que as pessoas vivam com dignidade.
Segundo Luís Garra a situação é ainda mais preocupante por "os números do desemprego não traduzirem toda a realidade", já que mais de metade dos desempregados não recebem subsídio de desemprego e muitos, não recebendo qualquer prestação, deixam de comparecer no IEFP e saem das estatísticas. "O desemprego real é muito maior que o que aqui apresentamos", adverte.
Na Covilhã 84 pessoas singulares pediram insolvência
Era um mecanismo pouco utilizado, mas que passou a ser recorrente. Na Covilhã, em 2009, apenas quatro pessoas se apresentaram à insolvência de pessoas singulares. Só este ano, até Janeiro, 84 pessoas no concelho recorreram a esta medida prevista na lei. Em Castelo Branco 27 pessoas seguiram em 2012 esse caminho e no Fundão foram 18, na Sertã sete e em Penamacor 3.
No distrito, entre Janeiro e Setembro, 139 pessoas endividadas, e incapazes de honrar os seus compromissos, apresentaram-se à insolvência, quando em 2009 houve nove processos. "O número aumentou de forma assustadora", nota a sindicalista Marisa Tavares. "Isto mostra como é que as pessoas estavam em 2009 e, com a degradação das condições de vida, como estão agora", acentua.
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
pessoas / desemprego / Profissional / Covilhã / Instituto / Formação / Contratos / Castelo / Branco / distrito
Entidades
Marisa Tavares / Luís Garra / IEFP / Abril / Sindicato Têxtil da Beira Baixa
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