Desemprego obriga a mudar de ares.
"Vou tentar a minha sorte lá fora". É assim que um dos funcionários que já foi despedido da Delphi este ano diz ao NC que vai ser o seu futuro próximo. Tem cá o irmão e a cunhada, que há anos residem em França, no ano passado um primo também emigrou e por isso também ele vai tentar. "Só me dizem bem. Trabalham, mas ganham bem. Nós, trabalhamos muito e não ganhamos nada" desabafa.
O caso deste jovem, 33 anos, é um dos vários que estão a começar a surgir no distrito da Guarda. Aproveitando o facto de ter um amigo ou familiar no estrangeiro, há quem tente a sua sorte. O fenómeno da emigração reacende-se com o aumento do desemprego no distrito, sobretudo após os despedimentos na Delphi, que não vão ficar por aqui, já que em Dezembro a empresa fecha de vez portas.
Segundo um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da UBI, coordenado por Pires Manso, de Julho deste ano, o desemprego no concelho guardense só não é mais grave em termos estatísticos porque "muitos jovens se cansam de procurar emprego no concelho e se transferem para o Litoral ou estrangeiro onde esperam encontrar solução para esse grave problema passando a engrossar as estatísticas do desemprego desses locais." Num documento de dez páginas, Pires Manso caracteriza o desemprego no concelho da Guarda, entre Janeiro de 2008 e Março de 2010, "crescente" sobretudo nos primeiros meses deste ano, com o caso da Delphi.
As mais afectadas têm sido as mulheres e ao longo dos 27 meses em estudo a procura de novo emprego tem superado a de primeiro emprego. A faixa etária entre os 35 e 54 anos tem sido a mais afectada. O desemprego de longa duração situa-se em mais de 60 por cento, "o que é preocupante" salienta o docente da UBI pois localmente há poucas ofertas. O estudo mostra ainda que o maior número de desempregados no mês de Março passado era o dos habilitados com o 3º ciclo (9º ano da escolaridade) com 32 por cento, seguindo-se o dos habilitados com o 1º ciclo (4ª classe) com 22,3 por cento, depois o dos habilitados com o ensino secundário com 18, seguidos dos que possuem formação superior com 11,9 por cento. Pessoas sem qualquer habilitação eram apenas 4,64 por cento.
Quanto à causa para o desemprego, a maioria dos casos estudados vinham de um despedimento, o que "pode ser consequência dos despedimentos ocorridos, na maior entidade empregadora da cidade, a empresa de cablagens (multinacional) Delphi" explica Pires Manso.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Desemprego / Vou / Delphi / Pires / Manso / Guarda / tentar / concelho / habilitados / ares
Entidades
Pires Manso / NC / França / Guarda / Dezembro
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