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Chips, portagens e impostos

2010-06-16

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Se a selecção for longe, estamos lixados.

"Chips", para mim, são batatas fritas. É esse o nome que os franceses dão às tradicionais batatas fritas em pacotes, e eu, nascido naquele país, sempre me habituei a esse termo tendo por base esse significado. Mas desde há algum tempo a esta parte que comecei a ouvir falar de "chips" com um segundo sentido.

Desde logo, devido à minha cadela, uma labrador de apenas seis meses que já tem um "chip". A veterinária disse que era aconselhável ter não fosse ela perder-se. Assim, saberia sempre onde estava. Ora, parece que é isso que agora este Governo quer fazer: saber sempre onde anda o cidadão. Uma espécie de programa detestável chamado "Big Brother".

Os partidos da oposição são unânimes e dizem que essa obrigatoriedade dos "chips" não é mais que um controlo rodoviário que se quer fazer ao cidadão, acedendo também a dados pessoais que são isso mesmo: pessoais. E que mais ninguém deveria saber. O "chip" tem também a função de pagamento de portagem. O que não percebo é o porquê da obrigatoriedade de equipar veículos com "chips". É que, posso ter um carro durante a vida toda e nunca andar em auto-estradas. A menos que morre na Beira Interior. Pois, porque se por cá forem implementadas (como serão, quase de certeza) as portagens na A23 e A25, há alguns destinos para os quais terei necessidade de me deslocar e sem alternativa credível. Pois a A23 e a A25 "absorveram" troços dos antigos IP 5 e 2, acabando por "matar" essas possíveis alternativas.

As portagens na Beira Interior, dizia o Governo, só seriam aplicadas quando a região atingisse um nível de desenvolvimento igual ao de outras regiões do País, como, sobretudo, as zonas do Litoral. E agora, isso vai ser estudado. Apesar de não ser apologista de que somos uma zona de pobrezinhos, a verdade é que não estaremos ainda ao nível de outros lugares. Aplicar portagens será, para além de meter a mão ao bolso do contribuinte, que já nem pode ouvir falar de PEC, matar mais algumas empresas que terão assim mais um agravamento cada vez que um dos seus camiões passar pelas duas vias. Segundo dados do Instituto Informador Comercial, só este ano, na Beira Interior, faliram 32 empresas, 19 em Castelo Branco e 12 na Guarda. Ora aqui está um dado que nos aproxima do Litoral: temos cada vez mais desempregados. Mas temos muito menos gente e a desertificação continua a atacar, segundo os últimos dados do INE.

Em tempo de Mundial na África do Sul, podem ter uma certeza: se a selecção for longe, estamos lixados. O clima de euforia total em torno da equipa das Quinas será excelente para o Governo continuar a atacar o cidadão mais comum com impostos. Foi assim há pouco tempo. Um País em festa com o Benfica, com a selecção e com a visita do Papa e, pumba, toma lá mais impostos. Há necessidade de cortar, é certo. E o povo sabe disso. Mas, não chega já de sacrificarem sempre os mesmos? Comecem lá mais por cima que é capaz de se conseguir mais dinheiro em bem menos tempo.



Autor
João Alves

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
Chips / chip / Interior / Beira / Governo / batatas / fritas / portagens / país / tempo

Entidades
Papa / Instituto Informador Comercial / INE / Benfica / Governo

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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