Covilhã veste-se para a selecção

2010-05-12

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Agitação começa a tomar conta da cidade.
Se até agora os sinais de que a selecção nacional de futebol inicia na Covilhã, na próxima semana, o estágio de preparação para o Mundial, não eram muito visíveis, no final da semana passada a agitação começou a tomar conta da cidade.

Passadeiras e gradeamentos pintados, passeios arranjados, canteiros mais cuidados e a azáfama dos funcionários que fazem as alterações necessárias nos dois estádios onde a equipa das quinas vai treinar. Até ao final da última semana, esse foi o único indício da chegada dos eleitos de Carlos Queiroz.

Essas intervenções de que a cidade está a ser objecto têm sido motivo de gracejo, inclusive nas redes sociais, onde há grupos alusivos ao acolhimento da selecção. Um deles chamado "Eu vi a Covilhã ser arranjada graças à passagem da selecção", que reúne 1200 membros no facebook. O criador faz referência, em tom humorístico, aos "cantoneiros da Câmara Municipal a "polir" seixos das rotundas, a raspar musgo de entre o passeio e o alcatrão", à limpeza dos globos dos candeeiros, da estátua do Pêro da Covilhã e faz um apelo: "Que a nossa selecção se mude de vez para a Covilhã pois assim esta será sem dúvida a melhor cidade para se viver".

Para já José Sario, taxista, tem notado sobretudo "aspectos negativos" quando se fala na chegada da selecção. A começar pelo "transtorno" causado pelos arranjos urbanísticos. "São as pinturas de tudo, sem sinalização, faixas cortadas e acidentes por causa disso", queixa-se. Está satisfeito com a escolha da Covilhã. "São 15 dias em que a Covilhã vai ser noticiada em todo o lado", antecipa. Só não tem a certeza se o retorno compensará o investimento. Quanto ao seu negócio, prevê um "aumento do serviço nocturno".

Na barbearia Raposo, onde o futebol é todos os dias tema de conversa, o assunto selecção é também referido. "A cidade está a mexer, isso vê-se. Uns clientes são contra, outros a favor e há quem diga que devia vir mais vezes", conta Carlos Raposo, o proprietário. A data e como se podem comprar os bilhetes para os jogos são questões muitas vezes colocadas. Enquanto corta o cabelo a mais um universitário, Raposo vai dizendo que está com a equipa das quinas e pensa levar para a barbearia um poster gigante.

"Temos de semear para colher"
No último sábado a cidade acordou decorada com alguns motivos alusivos à presença dos representantes de Portugal no Mundial de Futebol da África do Sul. Estrelas, mascote da cidade, vestidas com as cores da bandeira nacional foram espalhadas por várias rotundas da Covilhã e na Praça do Município.

A montra da loja de roupa de Maria João Diniz, na principal artéria comercial da cidade, foi a primeira a ser ornamentada de verde, amarelo e vermelho, há duas semanas. "O retorno é uma incógnita, mas temos de semear para colher", sublinha. Satisfeita com a visibilidade que a Covilhã terá nas próximas semanas, só lamenta que os outros estabelecimentos não se tenham mobilizado há mais tempo na decoração das lojas, para transmitir apoio aos jogadores.

Na mesma rua Francisco Gabinete acaba de descer de um escadote que usou para fixar duas bandeiras à porta da sapataria. O vidro da montra só segunda-feira ficará pronto, quando os autocolantes encomendados chegarem. "Os portugueses são mesmo assim, guardam-se sempre para a última, mas não tenho dúvidas que a comunidade se vai empenhar ao máximo para mostrar que está com a selecção", frisa.

Mário Monteiro, proprietário de uma perfumaria, já tem na loja o tapete verde para pôr na montra, com uma bola em cima. Cristina Serra, descontente com a apatia dos estabelecimentos comerciais vizinhos, começou por iniciativa própria a distribuir bandeiras. Com a sua loja de roupa totalmente engalanada, com modelos feitos pela própria em tons de verde, vermelho e amarelo, a estilista vê a presença da selecção como uma "oportunidade".

"A Covilhã vai ser falada mais que nunca, conto com a afluência de muita gente, nós temos de nos mostrar, de provocar impacto. Os comerciantes têm de ter inteligência para conseguirem ganhar algum dinheiro", sublinha.