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Banco Alimentar: uma máquina com vários motores

2010-12-02

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Nas lojas, nos transportes ou no armazém são muitas os voluntários necessários para pôr em andamento cada campanha de recolha de alimentos.

a"Ponham o tapete a rolar", ouve-se no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome da Cova da Beira, na Boidobra, quando chega mais uma carrinha carregada de géneros alimentares, trazidos de um dos hipermercados onde está a ser feita a recolha de alimentos, nos dias 26 e 27 de Novembro.

De imediato uma grande quantidade de braços retira os bens dos sacos distribuídos nas superfícies comerciais e separa-os nas caixas. Massas para um lado, arroz para o outro, atum para outra caixa. Num ápice, a carrinha é descarregada e os sacos vão passando de mão em mão até chegar ao tapete rolante e às caixas. Por uns minutos os voluntários dessa secção sentam-se, encostam-se ou vão ajudar noutras áreas. Já separados, os produtos são pesados, com o registo da proveniência, e seguem para as prateleiras correspondentes, onde os alimentos são arrumados em função da validade.
Nos topos do armazém destacam-se duas grandes montanhas: a do arroz e a das massas. Sentada em cima de uma palete Maria Falcão mete a mesma quantidade de massa em cada saco, para o trabalho dos voluntários que ao longo do ano ajudam no armazém ficar facilitado. Um trabalho feito a várias mãos e que os anos de experiência tornou ágil. Já lá vão oito anos, tantos quantos tem a secção da Cova da Beira, que ajuda nas duas campanhas anuais de recolha de alimentos. Com ela trouxe os restantes elementos da família. "Além de gostar de ajudar, sinto-me bem aqui. Venho pela ajuda ao próximo e pelo convívio". Com a noção que a sua ajuda é uma gota no oceano, frisa: "O meu contributo faz a diferença para mim".
Domingo, final da tarde. Esta é a hora em que começa o período de maior agitação, por coincidir com o início do encerramento das lojas. Mas a máquina está já bem oleada, com a experiência de uns a ser passada a outros. Cada um tem a sua função e rapidamente os caixotes acumulados no chão desaparecem.
"As necessidades são tantas!"
"Tentamos que tudo fique bem organizado", salienta José Neves, voluntário efectivo, que todas as semanas se desloca ao armazém, para atender às solicitações crescentes das 40 instituições apoiadas pelo Banco Alimentar. Os receios em relação a esta campanha eram muitos, devido à crise, mas ao início da noite o ânimo era evidente. Estavam já armazenadas 43 toneladas e tudo indicava que o recorde, de 45 toneladas, ia ser batido, como veio a acontecer, com 53 toneladas conseguidas. "Penso que os portugueses perceberam a mensagem, sabem que há muita gente que realmente precisa da ajuda de quem pode dar", comenta José Neves, junto às prateleiras de salsichas, divididas por latas de seis ou oito. Ao lado está o óleo e, em pouca quantidade, o azeite. De resto, uma das maiores carências, alerta o voluntário. "O azeite e o leite têm sido dos maiores problemas, porque são sempre em muito pouca quantidade para as necessidades".
É ininterrupto o barulho das rodas das plataformas onde os caixotes são encaminhados para as respectivas secções. A ajeitar as embalagens de leite está João Abrantes, 67 anos, que pela primeira vez participa como voluntário, pela vontade de "ver o mundo melhor". Soube por amigos do recrutamento e mostrou vontade de participar. Antes já passou por uma loja, onde deu o seu contributo com alimentos.
Maria Ascensão Santos, de 56 anos, vai circulando por todo o armazém, situado no Bairro da Alâmpada. Sabe como os géneros devem ser organizados e dá indicações. Faz parte do grupo de oito voluntários que todas as semanas fornecem os cabazes às instituições e mostra-se satisfeita por as pessoas terem respondido ao pedido de ajuda. "As necessidades são tantas!", nota. Uma constatação de quem todas as semanas ouve os lamentos e relatos das instituições beneficiadas, que têm cada vez mais gente a bater-lhes à porta.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Actualidade

Palavras-Chave
armazém / Ponham / Boidobra / Novembro / Fome / alimentos / ajuda / Alimentar / voluntários / Banco

Entidades
Maria Falcão / José Neves / João Abrantes / Maria Ascensão Santos / Banco Alimentar Contra a Fome da Cova da Beira

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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