A montra dos não convocados

2010-05-20

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No Centro Histórico da Covilhã.
Poucos transeuntes ficam indiferentes à loja de fotografia da Rua de Olivença, que decorou a montra com imagens de jogadores não convocados por Carlos Queiroz, mas que no entender dos proprietários poderiam ter lugar na equipa que vai representar Portugal no Mundial da África do Sul.

Quem passa na rua, aproxima-se para ver. Constantemente sai gente do café em frente que quer observar mais de perto a inusitada montra da PH Digital. Comentam, sorriem, discutem quem devia ou não estar nas imagens. Esgrimem-se argumentos para defender as opções do seleccionador nacional português, embora a maioria discorde da chamada de uns e da exclusão de outros jogadores.

Em lugar de destaque, na zona central da vitrina, estão as fotografias em tamanho generoso do guarda-redes Quim e do médio João Moutinho. Ao lado Carlos Martins. Os três que, no entender dos responsáveis da loja, teriam de ter sido chamados pelo seleccionador, pela época que fizeram.

"Estamos a ser simpáticos para os que não foram e deviam ir, mas o treinador é que sabe", diz Francisca Alves, que aproveitou a ideia do marido para fazer uma montra menos ortodoxa.

Porque considera importante o comércio associar-se à presença da selecção, Francisca Alves já tinha decidido dar vida à loja com as cores nacionais. A ideia inicial era colocar tecidos e umas bolas, até que o marido se lembrou desta alternativa, que logo nas primeiras horas provocou impacto.

"As pessoas aproximam-se e comentam que estes jogadores não estão na convocatória. Uns percebem logo a ideia, a outros explicamos que é a montra dos não convocados e deixam-se rir", conta a proprietária.

Para além de Quim, João Moutinho e Carlos Martins, o "onze" da vitrina completa-se com Nuno Assis, Hugo Viana, Yannick Djaló, jogador formado na Associação Desportiva da Estação, Fernando Meira, Manuel Fernandes, Maniche e, numa zona com menor visibilidade, aparecem os posters de Makukula e Quaresma.

Luís Santos estava no café em frente quando reparou na loja e quis ver mais de perto. "Não tenho visto muitos montras, mas esta é das que vi a mais original", considera. "De certa forma é uma provocação, porque alguns destes jogadores não vão ao Mundial e poderiam ir", acrescenta.

Marli Malhadas foi outra das curiosas. "Eu não vou em futebóis. É-me indiferente quem vai ou não", acentua. Apesar do distanciamento, diz ter achado piada à ideia da montra.

Habitualmente os dias são passados a fazer álbuns de casamentos, de baptizados, a tirar fotografias. Na terça-feira da semana passada fez-se serão para imprimir todas as imagens, de tamanho considerável. Não apenas dos jogadores como também do logótipo e da mascote do Mundial de Futebol da África do Sul.

Francisca Alves não sabe se o negócio poderá beneficiar com a presença da selecção portuguesa na Covilhã ou em particular com a montra que exibe. Inclusive à noite, altura em que passou a deixar as luzes ligadas, para se ver melhor.

Bom seria a comitiva passar nesta zona do Centro Histórico. Não tanto por gostar de ver os jogadores, mas pela atenção de que as artérias nesta área da cidade poderiam ser alvo. "Andaram a arranjar passadeira, passeios e tudo por aí, podia ser que também fizessem obras aqui", comenta Francisca Alves.