A evolução obriga a novas formas de pensar e actuar, capazes de criarem e fornecerem novas soluções que respondam às diferenças.
Nesta época momentânea que estamos a viver e em que a unidade de medida parece ser o "instante" vale a pena reescrever ideias conhecidas que possam ajudar a resolver esta nova equação do tempo.
Gastamos tempo, queimamos tempo, perdemos tempo e todavia procuramos sempre mais tempo, uma fome de tempo, tentando fabricar uma qualquer 25ª hora para aí encontrar a solução e ter finalmente um tempo de repouso. De facto, tudo se passa num tempo cada vez mais incompreensível que incomoda o nosso comodismo. Os tempos são também de grande complexidade, o que significa que os vários elementos em jogo estão de tal maneira interligados entre si que permitem vários pontos de vista e diferentes interpretações. O ritmo com que tudo vai acontecendo deixa-nos atónitos. A novidade anunciada é rapidamente substituída pela outra novidade ainda mais actual. Os paradigmas, os sinais de referência que foram orientando a economia, a educação, o trabalho e a vida social tornaram-se perigosamente instáveis. Não há novas referências e os velhos padrões não servem. A realidade social é cada vez mais uma sequência da acontecimentos portadores de uma imensa energia de mudança que urge "explicar" às pessoas. Os tempos vão exigir outras atitudes que nos permitam aprender a lidar com a incerteza e a imprevisibilidade.
Hoje, o desenvolvimento das sociedades é um fenómeno cultural com todas as implicações inerentes aos sistemas de educação e formação. Tradicionalmente a educação sempre se preocupou com a aquisição de conhecimentos. A formação sempre se vocacionou para o futuro desenvolvimento das competências. A sociedade e a família faziam o enquadramento criando nas pessoas o sentido dos valores e das atitudes. Tudo se passava com alguma naturalidade e de forma gradual as pessoas iam desenvolvendo as competências e aprendendo a viver hoje o amanhã. Todavia, com a explosão do conhecimento, a mudança de valores e as rupturas inerentes à mudança global esta recuperação de competências deixou de ser rapidamente possível. Os tempos são outros. Estar hoje esclarecido sobre esta imensa "Aldeia Global" é vital para um correcto balanço entre direitos e deveres, entre saber ser e saber estar.
A evolução obriga a novas formas de pensar e actuar, capazes de criarem e fornecerem novas soluções que respondam às diferenças. A descoberta da novidade não é compatível com a repetição das rotinas. É preciso saber começar de novo, aprender a renascer do espírito e a orientar a nossa vida e os nossos comportamentos para fazer melhor. Cromwell costumava dizer que "no momento em que deixamos de lutar por nos tornarmos melhores, já deixamos de ser bons."
O que está a acontecer é que vivemos com os sentimentos trocados, pois amamos com a cabeça, pensamos com o coração e agimos com o sistema nervoso. Um mundo feito de razão, sem espiritualidade, sem esperança é um mundo com um futuro de curta visão, é um mundo bem caracterizado por São Paulo quando referia: "comamos e bebamos que amanhã morremos".
Afinal, há um tempo para tudo .. "Há um tempo para tudo e um tempo para todo o propósito debaixo do céu"(Livro do Eclesiastes,3.1)
É por isto que o Natal nos convida a vigiar e a ler os sinais do tempo. Porque uma Luz brilhará sempre .. nas Galileias da vida.
Autor
José Vicente Ferreira
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
tempo / Tempos / educação / mudança / pessoas / novidade / competências / instante / mundo / vida
Entidades
Cromwell / Aldeia Global / São Paulo / Luz / Galileias
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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