Comissão de utentes anuncia iniciativas.
Na próxima terça-feira, 28, a partir das 18 horas e 30, na Feira de São Miguel, no Tortosendo, há uma recolha de assinaturas para o abaixo-assinado contra a aplicação de portagens na A23. Esta será a primeira de muitas iniciativas que a Comissão de Utentes tem agendadas até dia 4 de Outubro para protestar contra o fim da auto-estrada sem custos para o utilizador na Beira Interior, a partir de 15 de Abril do ano que vem. Estas acções foram anunciadas na passada sexta-feira, 17, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, pelos utentes da A23 que integram um movimento conjunto com outros utilizadores da A24 e A25, que também elas deixarão de ser gratuitas.
Numa reunião aberta à população, a Comissão voltou a frisar que a A23 é "essencila" para a vida económica da Beira Interior, "não existindo alternativas". E disse que a região é altamente "interdependente" desta via no que toca à economia, emprego e trabalho, sendo que grande parte da população utiliza a A23 por motivos laborais. Numa região "das mais deprimidas do País", com taxas de desemprego grandes, com desertificação acima da média e com uma população que tem um salário médio que ronda os 650 euros.
Mais: os utentes lembram que entre Torre Novas e Guarda não há alternativas. E que as que possam ser consideradas como tal são, em muitos casos, "caminhos rurais em terra batida", em que, fazendo uma viagem destas por esta "alternativa" se demoraria cerca de 5 horas de viagem. Os utentes lembram os custos que as portagens terão para as empresas, o que "destruiria a competitividade do sector empresarial" levando a falências, desemprego e deslocalizações. E recordam que o Governo assumiu, no seu programa de Governo, o compromisso de não introduzir portagens nas SCUT "em nome da coesão nacional e territorial".
Isenções são "para calar protestos"
A Comissão exemplifica que, por exemplo, uma pessoa que, por motivos profissionais, em carro ligeiro, tenha que fazer diariamente uma viagem entre Castelo Branco e Guarda, gastará cerca de 350 euros mensais em portagens, algo incomportável para quem ganhe pouco mais de 500 euros. "As anunciadas isenções para as primeiras 10 utilizações mensais, bem como os descontos de 15 por cento não têm qualquer representação no impacto brutal e destruidor que a implementação de portagens terá na região. Em primeiro lugar pelo facto de se esgotarem, na maioria das vezes, logo no decurso da primeira semana do mês, em segundo, porque os desconto de 15 por cento representa apenas 2 cêntimos por quilómetro, e em terceiro porque tal campanha não passa de uma mistificação para aplacar os protestos iminentes, já que todo o regime de isenções e descontos tem um fim anunciado logo em 2012" afirma a Comissão. Que lembra ao Governo que as portagens irão desviar muito trânsito para as nacionais, com consequente aumento de acidentes e mortalidade. Mais: "cada euro de portagem cobrada, é um roubo que os grandes centros fazem ao Interior, que as grandes empresas fazem às MPMEs" dizem em comunicado.
Por isso, a Comissão promete luta. Depois da ida à Feira de São Miguel, dia 30 há a colocação de faixas em protesto na A23 e várias recolhas de assinaturas para o abaixo-assinado. Uma no dia 1 de Outubro, na área de serviço de Vila Velha, outra dia 2, no Pelourinho, na Covilhã, dia 4 nas feiras semanais de Castelo Branco e Fundão. A Comissão diz ainda que decidiu "dirigir-se aos poderes públicos locais por forma a promover a sua participação activa no repúdio pela introdução de portagens".
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Comissão / utentes / portagens / Interior / Tortosendo / Branco / Castelo / Beira / Governo / iniciativas
Entidades
Comissão de Utentes / Comissão / MPMEs / Feira de São Miguel / Tortosendo
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