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A Covilhã e as igrejas desaparecidas

2011-02-02

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Na Covilhã, as primeiras igrejas ter-se-ão construído muito antes da fundação do concelho, ocorrida em 1186.

No império de Valério Diocleciano (284-305), três séculos após o nascimento de Cristo, os cristãos começam a erguer os primeiros templos, até então não só não dispunham deste tipo de estruturas como as recusavam.
A partir da criação da cerimónia da missa, em substituição da ágape, os templos espalharam-se por montes e vales. Onde existiam cristãos aí nasceram igrejas. Mais do que locais de reunião, constituem o símbolo do corpo místico de Deus, as suas pedras simbolizam os fiéis e o templo, em si, evoca a Jerusalém celeste.
Na Covilhã, as primeiras igrejas ter-se-ão construído muito antes da fundação do concelho, ocorrida em 1186., os primeiros documentos escritos, desta localidade, reportam-se a esses templos. O mais antigo remonta a 1156/57 e corresponde à doação de uma igreja feita pelo chantre, mestre Domingues, ao bispo de Coimbra D. Miguel Salomão. O documento que se lhe segue é de Maio de 1186 (a Covilhã só viria a ter foral em Setembro desse ano), trata-se igualmente de uma doação, agora do rei D. Sancho I que entrega todas as igrejas da Covilhã, quer as existentes quer as que se viessem a construir, à diocese de Coimbra.
Aquando da atribuição do foral, por D. Sancho I, existiriam, pelo menos, quatro freguesias na Covilhã, todas elas estruturadas a partir das respectivas igrejas matrizes -São Martinho; São João Mártir-in-collo; Santo André; Santiago e, talvez, São Miguel. Destas, apenas a igreja de S. Martinho chegou até aos nossos dias juntamente com a de São João Mártir-in-collo, embora da última, hoje pertença do Lar de São José, poucos vestígios restem da primitiva construção.
A igreja de Santo André, que se localizava na parte superior ao Sítio do Biribau, foi cedida ao mosteiro do Lorvão, em 1191, por testamento de Gonçalo Peres de Sampaio. Aquando da sua demolição, anterior ao século XVIII, a imagem de santo André foi levada para a igreja da Boidobra. Junto desta igreja localizar-se-iam outras duas, a de São Miguel, a Sul, e a de São Lourenço, em frente à ultima. No primeiro quartel do século XVIII a igreja de São Lourenço encontrava-se reduzida a uma pequena ermida com rendimento de 20 réis, pertencente ao padroado de Sebastião Leitão da Cunha.
A igreja de Santiago, cuja fundação se desconhece, foi doada ao mosteiro de São Jorge de Coimbra, em 1192, sendo-lhe confirmada pela bula de Honório III, Sacrossanta Romana Eclesia, em 19 de Fevereiro de 1221. Desta antiga construção apenas nos chegaram escassas descrições do seu interior, nomeadamente, da existência de três altares, onde, entre várias imagens, se destacavam duas de Santiago, uma combatendo os mouros, outra envergando os trajes de romeiro. No século XVIII, é restaurada pelo prior Manuel dos Santos Bastos, no século seguinte, em 1873, é doada aos Jesuítas que ali edificaram a nova igreja do Sagrado Coração de Jesus.
Outro dos templos contemporâneos aos referidos, tinha por invocação São Lázaro, junto deste funcionava uma leprosaria, nas proximidades da qual se instalaria o primeiro convento franciscano, nos inícios do século XIII. Esta igreja localizava-se no mesmo local onde, em 1926, se iria construir a central eléctrica da cidade.
Em 13 de Junho de 1321, por ordem de D. Dinis, os juízes executores iniciaram a atribuição de taxas às igrejas, no bispado da Guarda. Na Covilhã, foram 14 as igrejas abrangidas por esta medida. Quase todas elas chegariam ao século XIX, com excepção das de Santo Estêvão e de Santo André. Entre estas 14, não se incluíam as de S. João de Malta e de S. Salvador que viriam a ser edificadas posteriormente. Esta última localizava-se junto à cerca do Convento de S. Francisco, mais concretamente, à entrada da rua do Salvador, no local onde esteve instalada, até 2010, a sede da Banda da Covilhã. Segundo alguns autores esta igreja serviria de cemitério aos cristãos-novos. Em 1 de Março de 1885, a sua capela-mór é vendida a João Nunes Navarro por 101$000 réis e o corpo da igreja é entregue à Câmara Municipal, em troca de um terreno contíguo à igreja de Nossa Senhora da Conceição.
A igreja Santa Marinha era um pequeno templo, de planta longitudinal e nave única. Na sua fachada principal, sobre um pequeno portal, de volta perfeita, abria-se um janelão rectangular. Um pequeno campanário com sineira dupla justaponha-se a esta fachada.
No seu interior, tinham altar, Santa Marinha, Nossa Senhora da Graça e São José. Entre 1734 e 1758, recebeu uma imagem de Nossa Senhora do Carmo e em 1892 uma de S. Francisco Álvares, o covilhanense que subiu aos altares. Foi demolida em 1954 e localizava-se no largo a que viria dar o nome. (Continua).



Autor
carlos madaleno

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
igreja / Covilhã / igrejas / Santo / século / Diocleciano / Cristo / André / Valério / templos

Entidades
Valério Diocleciano / Cristo / Deus / D. Miguel Salomão / D. Sancho I

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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