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Uma hortinha contra a crise

2011-01-19

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Na malha urbana da cidade há quem não desperdice um pedaço de terra.

Sempre trabalhou na construção civil. Mas sempre nutriu o gosto pelo cultivo da terra, que lhe chegou herdado dos pais. Andar nas obras, aos 73 anos, já não dá. Está reformado. Mas a "agrícola", essa, continua bem presente na sua vida. Por gosto. "E porque dá muito jeitinho, que a reforma é pequena".
O caso de Joaquim Alberto David, residente nos Penedos Altos, é igual a tantos outros por esse País fora. Pela região. Pela cidade. Onde o cultivo de pequenas hortas voltou a ser moda. Não só por gosto, como é o caso de Joaquim, mas por necessidade. A crise tem apertado e toda a ajuda é pouca. E não se pense que são só os reformados que o fazem. Longe disso. Na malha urbana da cidade é possível ver uns "canteirinhos" tratados por gente mais jovem e até há estudantes universitários que, tendo casas alugadas que têm um pequeno terreno nas traseiras, os aproveitam para plantar uma couve, uma alface, uma cebola. Para o dia-a-dia.
Joaquim é natural de Manteigas, distrito da Guarda. Mas há mais de 30 anos que mora na Covilhã, nos Penedos Altos. A casa tem o seu quintal, aproveitado para plantar umas couves, uma cebola, e pouco mais. Tem umas videiras, que está a podar, no dia em que o encontramos, de modo a que no Verão possa ter uns gachos de uvas. "Eu gosto mesmo de fazer isto. Tenho aqui esta hortita, mas na parte de cima de Verdelhos, lá para o pé da minha terra, tenho um terreno que cultivo sempre. É de lá que vêm as batatinhas, as couves, os feijões, as abóboras, as feijocas, tudo que possa cultivar. Mas aqui também vou tendo. No ano passado, ao pé daquelas couves, tive lá um cebolito que se deu bem" explica ao NC. E acrescenta: "sabe, que a gente cultiva, já não compramos. E são produtos bem melhores que os que se compram nos supermercados. São mais naturais."

"Reformas são muito baixas"

Este jovem reformado de 73 anos ainda encontra outras motivações que o fazem andar agarrado ao cultivo da terra. "Olha, da maneira que a vida está, dá sempre jeito. Tenho hortaliças frescas para mim e para a minha família. Batatas, feijão, ou hortaliças são coisas que os meus dois filhos não compram. Vêm cá buscar. Depois, as reformas são muito baixas e isto sempre é uma ajuda" explica Joaquim, que diz que a agricultura o ajuda a manter a forma. "É muito bom. Dá saúde. E sabemos o que andamos a comer" afirma, para depois também evidenciar o lado sentimental para não se conseguir desfazer dos seus canteiros. "Não gosto mesmo nada de ver as terras abandonadas. Há tempos, aqui na cidade, tive outro terreno, que me deixaram cultivar, e plantei lá umas batatitas. Depois, o dono quis fazer obras e já não pude lá por mais nada. Mas tenho pena" afiança.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
gosto / Joaquim / cidade / terra / cultivo / couves / Altos / Penedos / civil / hortinha

Entidades
Joaquim Alberto David / Joaquim / NC / Penedos Altos / País

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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