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Alertar jovens para os riscos do álcool

2011-03-24

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Acção levada a cabo na noite covilhanense.
Quando é mostrado o valor que aparece no medidor de alcoolemia, os estudantes reagem. Comparam, e em alguns casos parecem estar numa espécie de concurso em que se torna importante conseguir taxas mais elevadas. Apesar desta postura, o agente da PSP procura ser pedagógico: "No seu caso, sabe qual seria o valor da multa? E o tempo de inibição de condução?".
Na noite da passada quinta-feira, 17, tratava-se apenas de um teste sem consequências, enquadrado numa acção de sensibilização do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Cova da Beira, que entre 14 e 19 de Março promoveu a II Semana daquela especialidade. Na quinta-feira, tal como já haviam feito no ano passado, os técnicos de saúde da unidade posicionaram-se junto a dois locais de diversão nocturna da cidade, os Leões da Floresta e a discoteca Companhia, para sensibilizar os jovens para os perigos do álcool e a necessidade de beber "com regras". A acompanhá-los, tinham a PSP, disponível para quem quisesse soprar ao balão.
Depois de o teste indicar 0,29 gramas, o agente apressou-se a alertar que, apesar de essa taxa não ter consequências legais, já diminui as capacidades ao volante e os tempos de reacção.
Por entre as centenas de pessoas, a maioria estudantes da UBI, os enfermeiros distribuíam panfletos a indicar alguns perigos de se consumir álcool com regularidade e em excesso, perante a indiferença de uns e o interesse mínimo de outros.

Curiosidade em soprar ao balão

A intenção, explicam os técnicos de saúde, não é impedir que se beba nem ter um papel controlador, mas dar alguns conselhos, como irem alternando bebidas alcoólicas com outras sem álcool, espaçar as bebidas, não conduzir embriagado, comer antes e enquanto se bebe ou determinar um limite de bebidas a ingerir e não o ultrapassar.
Joana Silveira, 20 anos, admite que pouca importância dá aos conselhos recebidos, mas quis fazer o teste de alcoolemia, depois de ter bebido uma cerveja e um martini. "Assim uma pessoa sabe se pode beber mais ou menos. Quando tenho carro, não bebo, senão, divirto-me", diz a estudante.
Vindo de um jantar, Robert Gonçalves regista 0,53 gramas por litro de sangue. Quis soprar ao balão "por curiosidade". "Para ter mais ou menos noção do que acusa o que bebi. Se estivesse a conduzir, ia a pé para casa", salienta. Bárbara, de 20 anos, também estudante, confessa que costuma beber "de vez em quando", mas acha que "os jovens bebem em excesso". "Para quem tem carro e tem consciência, estas iniciativas são úteis, mas não é por nos dizerem que faz mal que deixamos de beber", refere a jovem, cujo teste de alcoolemia detectou quase um grama e meio de álcool.

Álcool "deixa marcas"

Carlos Casteleiro, director do Serviço de Gastrenterologia, alerta para os casos graves com que se depara devido ao consumo maciço de álcool em poucos dias. "Tem consequências, deixa marcas", avisa. "Quem beber dois copos por dia durante mais de cinco anos pode ter problemas hepáticos", sublinha. A cirrose hepática, que tem vindo a aumentar na região, é o problema mais vulgar. Um problema que "mata", acentua o médico.
A faixa etária mais afectada é entre os 50 e os 60, devido ao abuso continuado, mas a unidade tem-se também deparado com jovens de 18 ou 19 anos com problemas de ingestão de álcool. "Lembro-me de um jovem de 21 anos com falência completa, devido à ingestão maciça", conta.
Também João Ramalhinho, enfermeiro director do CHCB, sublinha: "O álcool é um problema com que nos debatemos todos os dias, com doenças derivadas". "Esta equipa faz um esforço por prevenir e o melhor é estar junto dos jovens para os alertar", com uma atitude "não agressiva" e por intermédio de gente também jovem, acentua. "O álcool faz parte destas festas, não podemos impedi-los de beber, podemos é incentivá-los a beberem com regras, moderadamente", acrescenta João Ramalhinho.
Manuel Ribeiro, da PSP, elogia a iniciativa e a disponibilidade para a PSP participar nestas acções de sensibilização. "Preferimos prevenir que reprimir", nota o agente. "Estamos cá para justificar valores. Às vezes as pessoas sentem-se bem, mas são sinais ilusórios", observa Manuel Ribeiro, para quem o ideal seria que os jovens "fizessem uma introspecção sobre o que o álcool pode fazer nas suas vidas".



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Actualidade

Palavras-Chave
álcool / PSP / jovens / beber / teste / Acção / agente / problema / valor / soprar

Entidades
Joana Silveira / Robert Gonçalves / Quis / Bárbara / Carlos Casteleiro

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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