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Os anjos da Guarda da Rampa

2010-05-12

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Nem só de pilotos é feita a prova. Há muita gente a zelar pela segurança da Rampa.
A Rampa Internacional da Serra da Estrela voltou a cumprir-se no último fim-de-semana, acompanhada de muita chuva até meio da manhã de domingo, o que justifica a menor quantidade de público em relação a anos anteriores. Ainda assim, muita gente espalhou-se pelos cinco quilómetros do percurso para ver os automóveis subirem a alta velocidade.

Há quem acampe, quem vá cedo no próprio dia ou quem aproveite os atalhos na serra para se deslocar a pé até à zona preferida onde ver todo o espectáculo. Na pista o público centra-se na passagem dos automóveis, no apoio ruidoso aos pilotos preferidos, mas para que a prova decorra normalmente são muitas as pessoas espalhadas ao longo do percurso que zelam pela segurança dos mestres do volante e sobretudo do público.

"Posso ir para aquele lado?" perguntam dois rapazes a um dos comissários de pista. "Está no intervalo entre subidas, atravessem por aqui, mas rápido", responde. Esta é já uma evolução conseguida com o tempo, uma maior responsabilidade por parte das pessoas, que fez a Rampa conseguir o estatuto de prova mais segura do Campeonato Europeu de Montanha. Possivelmente, há uns anos os espectadores teriam simplesmente tentado passar para o outro lado sem pedir autorização.

"Hoje não temos grandes problemas. As pessoas respeitam as zonas onde podem ou não estar, cumprem as normas de segurança. No início era mais difícil, porque nem toda a gente o fazia", frisa António Carrola, de colete reflector laranja vestido e atento ao que se vai ouvindo no rádio emissor-receptor.

O aparelho é uma importante ajuda, introduzida há poucos anos, que facilita muito o trabalho. Numa recta, tem à vista os comissários de pista localizados antes e depois, como ditam as regras. A função é serem o elo de ligação ao director da prova. Sinalizam as zonas permitidas e proibidas, avisam de imediato quando há um acidente, estão atentos a eventuais derrames que aconteçam no piso ou a objectos que se possam encontrar na pista e monitorizam o público. "Sem nós a prova não se fazia", realça António Carrola, um dos cerca de 50 elementos com esta função.

"O ideal é não sermos precisos"

Apesar da chuva que caiu com insistência até às 10h00 de domingo, e que aumenta os riscos, tudo decorre com tranquilidade para os bombeiros. São muitos os que se vêem, vestidos de vermelho. Com a manhã a meio e a fome a apertar, um dos grupos faz o mesmo que muito do público: atiram-se às sandes e às bebidas.

Ricardo Vilhena, de 38 anos, faz o mesmo, apoiado na traseira de um reboque do Automóvel Club de Portugal, entidade organizadora. "Até agora não foi necessário intervir e o ideal é não sermos precisos", diz o bombeiro, que desde criança se lembra de vir com elementos da corporação à prova de automobilismo. Hoje, é o chefe de uma das equipas.

A chuva faz com que tenham também menos trabalho noutra função, alertar o público que traz para a serra os petiscos e os fogareiros para os cuidados a ter com a floresta, de forma a evitar incêndios.

O desencarcerador é um dos equipamentos disponíveis no local, em caso de necessidade, tal como ambulâncias e várias viaturas dos bombeiros, mas o fim-de-semana foi tranquilo. A assistência também não tem dado problemas. "Só quando bebem uns copos é que são mais difíceis. Quando não entendem o que lhes pedimos, pedimos o auxílio das forças de segurança", conta Ricardo Vilhena.

António Sousa, enfermeiro, faz parte do grupo de emergência e urgência caso aconteça um acidente em pista, embora tenha de actuar em outras situações caso seja solicitado. Amante de automobilismo, foi destacado pelo Centro Hospitalar Cova da Beira, e acaba por juntar o útil ao agradável.

A comer uma sandes junto à ambulância, o fim-de-semana tem sido calmo, sem ter de intervir. As excepções são as situações que nada têm a ver com acidentes em prova, como é o caso da assistência a pessoas alcoolizadas ou que se magoam na serra. Por exemplo entorses ou quedas.

Comissários têm de usar o "bom senso"

Por toda a pista estão espalhados 73 elementos da Guarda Nacional Republicana, para "controlar as zonas de segurança", explica o comandante, David Martins. "Isto é um espectáculo, uma coisa bonita, as pessoas não têm de nos dificultar o trabalho", sublinha. As vezes em que foi necessário entrarem em acção foi no socorro e evacuação de pessoas que se sentiram mal.

Na conhecida curva das Sete Fontes está Ângelo Cleto, de auricular com microfone, impermeável vermelho e colete reflector com a inscrição a identificá-lo como comissário de pista. Nem seria necessário. Há muitos anos que tem estas funções na Rampa e costuma ficar na mesma zona, tal como os espectadores, por isso acaba por haver já uma relação com alguns.

Ao lado tem as bandeiras de várias cores, extintores e vassouras para limpar o pó de cimento que se deita em caso de derrame, o que não é frequente. A perigosidade da pista depende do que os pilotos quiserem arriscar, nota. Enquanto a prova está parada, à espera que passe a ambulância que foi socorrer o piloto covilhanense Rui Raposo, Ângelo Cleto acentua que o percurso "está bem policiado". Mas também não é habitual haver problemas. Para isso diz que "é necessário utilizar o bom senso".

"Tem de haver um equilíbrio. Não se pode proibir tudo ao público nem se pode dar liberdade total. Temos agido assim e nunca tivemos grandes problemas", realça. Do público os pedidos são essencialmente saber o que aconteceu para a prova estar parada, pedir informações e às vezes ser desafiado para o petisco.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Rampa / prova / público / pista / pessoas / segurança / caso / muita / Serra / gente

Entidades
António Carrola / Ricardo Vilhena / António Sousa / David Martins / Ângelo Cleto

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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