Saúde preocupa

2011-03-09

Versão em áudio disponível!

00:00 00:00

Transporte de doentes e falta de médicos preocupam deputados.

A Assembleia Municipal de Belmonte aprovou na sua ultima reunião, no passado dia 28 de Fevereiro, por unanimidade, uma moção que contesta as últimas medidas do Governo no que toca ao acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente no que concerne à concessão de credenciais para deslocações aos hospitais dos grandes centros, como Coimbra e Lisboa para doentes não urgentes.
A moção foi apresentada pelo deputado da CDU, Zeferino da Silva, que diz que as últimas medidas adoptadas pelo Governo no transporte de doentes não urgentes estão a provocar "prejuízos irreparáveis para muita gente". Segundo ele, milhares de doentes não têm acesso a cuidados de saúde "por não terem dinheiro para os transportes", um problema mais grave para municípios do Interior, como Belmonte, porque "é difícil combater as assimetrias". Para além disso, Zeferino da Silva diz que também as associações de bombeiros estão a ficar "estranguladas" e por isso condena estes cortes, propondo ao Governo a revogação destas medidas.
Pelo PS, António Manuel Rodrigues diz que há hospitais que estão a "desresponsabilizar-se e a ilibarem-se nos bombeiros. Fomos eleitos para defender os interesses das populações e por isso votamos a favor da moção". Já o PSD, que também votou a favor do documento, pela voz de Luís Elvas, diz que o Governo está a assumir critérios economicistas, mas que reduzir a despesa na área da saúde "implica algum cuidado". O deputado mostrou-se contra um alterar de regras "a meio do jogo" e lembrou que existe muita gente que não tem transporte próprio para recorrer aos grandes centros e que muitas vezes os transportes públicos também não oferecem um serviço adequado à realidade dos doentes.
A moção será agora enviada ao Governo, Ministra da Saúde, Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e Assembleia da República.

Colmeal da Torre contesta fim das consultas

Ainda no que toca à saúde, o presidente da Junta de Freguesia de Colmeal da Torre, Paulo Gonçalves (PSD), mostrou a sua insatisfação pelo facto do Centro de Saúde de Belmonte estar a funcionar apenas com dois médicos após a reforma de alguns profissionais de saúde naquela unidade. Um facto que acabou com as duas consultas semanais que existiam na extensão de saúde daquela freguesia.
"Estas reformas tornaram a situação mais complicada. Nós tínhamos duas consultas por semana, sempre preenchidas e hoje não temos. A população está insatisfeita. Gostava de saber o que a Câmara já fez perante isto, porque os postos médicos não podem fechar" afirma.
Na resposta, o autarca local, Amândio Melo, lembrou que a autarquia "não tem competências" nesta área, mas garante que tem acompanhado a situação e que tem a garantia de que será "temporária". Além do mais garantiu o apoio a um novo projecto de apoio domiciliário que o Centro de Saúde está a levar a cabo e que passa por levar cuidados de enfermagem a cada freguesia, de forma regular.
Recorde-se que há cerca de um mês Manuel Geraldes, director executivo do ACES Cova da Beira, explicou ao NC que apesar da falta de médicos ninguém fica sem cuidados de saúde, lembrando que a consulta aberta funciona à tarde, havendo ainda consultas aos sábados e domingos. E adiantou que a solução poderia mesmo vir do estrangeiro. "Estão prometidos dois médicos colombianos. Um para Unhais da Serra, que também aqui virá, e outro para este Centro de Saúde". Com esta escassez, também as consultas nas extensões de saúde do concelho estão suspensas, mas o seu encerramento era recusado por Manuel Geraldes. "Acho que isso não irá acontecer". O responsável lembrava que estava em marcha o projecto "Cuidados na comunidade", levado a cabo por pessoal de enfermagem, que irá junto das populações assegurar serviços que passam pela vigilância de doentes crónicos, com diabetes ou hipertensão, e que assim o futuro das extensões de saúde estará assegurado. Apesar da escassez de médicos em Belmonte, "estamos a dar uma boa resposta às pessoas. E isto revela também que havia aqui um consumismo de consultas" salientava Manuel Geraldes.