Recorde de participação alcançado. Mas alguns feirantes queixam-se do negócio.
O tio José da Encarnação, o famoso "último esparteiro" de Alcongosta, é já presença assídua na Feira Medieval do Artesão, em Belmonte. E este ano, na oitava edição, voltou a marcar presença. Nada preocupado com o negócio, mas sim em dar visibilidade à sua arte. "Sempre se vai vendendo, mas acho que isto, este ano, está pior. É como está o País. O pessoal para ver-me trabalhar, vem. Se fosse para trabalhar…." ironiza este "jovem" artista, com mais de 80 anos.
De facto, durante os quatro dias medievais de Belmonte, entre 12 e 15 de Agosto, houve muita gente na rua. Milhares. Segundo a organização, a cargo da Empresa Municipal de Belmonte, os 30 mil atingidos no ano passado foram largamente ultrapassados. Segundo Vítor Teixeira, não só por haver mais um dia de feira, mas porque houve muito mais oferta, ao nível das tradicionais barraquinhas. E houve mesmo. Cerca de 130 artesãos inscritos, muito mais barracas de comes e bebes, onde se foi fazendo bem mais pela vida do que nas barracas de artesãos. Vendeu-se de tudo, desde as iguarias ás doçuras, do mel aos produtos à base de aloé vera, do calçado aos colares e fios, desde a tradicional sandes de porco no espeto ao marroquino kebab. Segundo Vítor Teixeira, em declarações à Rádio Caria, numa primeira auscultação feita aos feirantes, estes revelaram satisfação no que toca às vendas. "Dizem que não se sentiu a crise e ficaram satisfeitos pelos negócios feitos" diz. Mas o NC, numa breve ronda feita a diversas barracas, ouviu um pouco de tudo e opiniões contrárias.
Houve quem viesse de Lisboa, por ter conhecimento da Feira pela televisão, para fazer "tererés" e que não se arrependesse. De Espanha, mas bem perto de Bragança, Victor Cuenca trouxe os seus sabões para todo o tipo de doença, desde as varizes ao reumatismo ou acne, e não se arrependeu. "Sim, fui vendendo. Não foi mau" assegura. Mas outros mais habituados ao certame não diziam o mesmo. "Acho que há mais gente, mas bem menos dinheiro" diz David Botas, que da freguesia do Colmeal da Torre trouxe o tradicional mel. De Santa Maria da Feira vieram de novo os doces conventuais, mas segundo a proprietária, que no ano passado teve que, a meio da feira, ir ao Norte carregar de novo a carrinha, este ano isso já não aconteceu. "Vendeu-se bem menos, Isso está mau para toda a gente" afirma. Já nos comes e bebes, opiniões também contrárias. João Alves, o tradicional assador de porco no espeto, que fez a sua oitava presença no certame, diz que vendeu "o normal" já que ao terceiro dia já tinha vendido três porcos, ou seja, um por dia. Já Joaquim Costa, que voltou a apostar na bifana na panela de ferro, diz que este ano "isto esteve muito mais fraco".
Mas Victor Teixeira está convicto que a feira é já "um ícone da região e mesmo nacional". Promete tentar inovar no futuro e fazer agora uma avaliação do que correu menos bem, embora acredite que tenha sido em maior número os pontos fortes que os fracos. Num ano em que a parte logística foi concessionada, um dos problemas registados revelou-se logo no primeiro dia, com algumas barracas a não conseguirem ter luz. Mas no que toca à limpeza do local, houve bem mais cuidado, com a colocação de vários caixotes do lixo.
Quanto à animação de rua, fez-se sentir bem mais, num ano em que os espectáculos voltaram a ser a cargo da Bartilloti Produções, que levou a cabo no domingo uma peça sobre 1500, ou seja, sobre a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral. No último dia, no Castelo, um espectáculo de guitarra portuguesa, de grande qualidade, encheu o anfiteatro, com alguns feirantes a queixarem-se do facto de esta iniciativa ter retirado gente das ruas.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Feira / Medieval / artesãos / Recorde / Belmonte / houve / gente / presença / Teixeira / barracas
Entidades
José da Encarnação / Vítor Teixeira / aloé vera / Victor Cuenca / David Botas
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