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Partem com saudade, mas não querem cá viver

2011-09-07

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Emigrantes regressam ao estrangeiro, após férias, mas não querem viver em Portugal.

Agosto chega ao fim e com ele terminam também as férias de milhares de portugueses radicados no estrangeiro. Por todo o País, emigrantes preparam-se para o regresso aos países onde trabalham. O distrito de Castelo Branco não foge à regra: Refazem-se malas de viagem, atestam-se as bagageiras dos automóveis, acondicionam-se garrafas de vinho português entre a roupa, encaixam-se à força queijos, enchidos e doces onde parece já não caber mais nada.
"Os carros vão cheios como um ovo porque hoje, devido à abertura de fronteiras na Europa, já não há o controlo alfandegário que existia até aos anos 90", explica José Borrego, que há 40 anos faz todos os verões o percurso entre o Fundão e Nimes, em França, e ainda se lembra de quando tinha que descarregar tudo o que levava primeiro na fronteira espanhola e, depois, na francesa.
Ao fim de tantos verões de vindas e idas, este emigrante de 59 anos, já se habituou a lidar com a parte emocional, mas assegura que a principal bagagem que leva no regresso a França "é a tristeza.. vou carregado dela, como de vinho e chouriços".
Deixar família e amigos para trás continua a ser difícil, mesmo quando, no país onde se trabalha a vida até corra bem. "O coração aperta e sinto um nó no estômago que custa a desatar", descreve Carla Pires, de 29 anos. Oriunda de uma família grande e unida, esta emigrante na Suíça, há seis anos, confessa que ainda não consegue lidar com as despedidas sem sentir saudades antecipadamente.
Na última noite antes do regresso a Genéve, Carla juntou a família quase toda, na qual se incluem outros emigrantes espalhados pela Europa, e foram à Festa da Senhora do Rosário, na freguesia de Quintãs: "É mesmo para queimar os últimos cartuchos e levar connosco uma última recordação daquilo que gostamos em Portugal, que é a festa, a música popular e conviver com os amigos".
O primo, Rui Jorge, de 36 anos, emigrado há quatro em Bordéus, ainda fica mais uma semana, mas veio para se despedir da familiar. "Já estou com saudades e ela ainda aqui está", afirma com os olhos embargados. "Só temos oportunidade de nos vermos três a quatro semanas uma vez por ano, porque nem sempre as férias coincidem, e por isso o momento da despedida é sempre muito triste", esclarece enquanto confessa que, de cada vez que ele próprio se mete à estrada para regressar a França "as lágrimas vêm ao canto do olho".
Também Pedro Robalo, de 33 anos, há três a viver em Lyon, admite que "a partida é o pior momento das férias". "Passamos o ano inteiro à espera de Agosto e, depois de cá estarmos, ele passa em dois minutos", lamenta.
A família Rodrigues, porém, é mais pragmática: "Desde que se aproveite bem o tempo que cá se passa, consegue-se recarregar baterias para o resto do ano", afirma Paulo, o pai, que em conjunto com a esposa Noémia e os filhos Tiago e Diogo, fazem compras de última hora no mercado do Fundão. Emigrado em França, este técnico de vendas de 47 anos, regressa a Le Mans em poucos dias, mas assegura que não leva tristeza, "apenas boas recordações para nos aquecer até ao próximo ano".
(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Alexandre Salgueiro

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
estrangeiro / França / Emigrantes / família / férias / regresso / Portugal / Europa / viver / emigrante

Entidades
José Borrego / Carla Pires / Genéve / Carla / Rui Jorge

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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