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Os elevadores da nossa memória

2011-02-16

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Foi por inícios do século XX que se começou a falar do elevador de S. João de Malta, cuja construção agora se iniciou.

Um destes dias quando observava a nova Ponte da Carpinteira que já constitui referência arquitectónica internacional, recordei todo aquele vale imenso no tempo em que as fábricas todas em laboração davam origem a um movimento incessante de gentes que tinham os seus picos consoante os turnos de laboração. E recordei também a "Lã e a Neve" de Ferreira de Castro.
Logo bem cedo a partir das seis da manhã eram os ranchos de mulheres que pegavam no turno que iria terminar às 3 da tarde (não se dizia 15 horas). Pelas 7/8 horas da manhã largavam os homens que tinham trabalhado durante toda a noite e iniciavam os que trabalhavam durante o dia para largar às 5, tudo isto numa cadência de décadas e gerações de gentes da nossa cidade.
Quanto eles teriam desejado e lhes teria sido útil a referida ponte e agora os elevadores de que tanto se fala. O plano inclinado que esteve previsto para o ramal da estação tecnicamente denominado funicular de Poinsard movido a tracção eléctrica e outro para o ramal norte, mais conhecido por S. João de Malta, largo onde desembocava.
Do plano inclinado tomei conhecimento pormenorizado nos arquivos do município quando efectuei estudos pormenorizados sobre o caminho-de-ferro da Beira Baixa. A ser construído teria sido uma infra-estrutura de elevado interesse para a cidade pelo trajecto que percorria, de modo a servir a estação ferroviária, iniciava no sítio da Corredoura, passava o Serrado e desembocava da Rua Marquês d'Ávila e Bolama, onde actualmente se encontram umas bombas de combustível. Não podendo precisar uma data certa mas foi por inícios do século XX que se começou a falar do elevador de S. João de Malta, cuja construção agora se iniciou.
Parece-me o reviver de um sonho ao qual a autarquia está a dar corpo. Foram muitas as gerações de gentes que subiram e desceram aquele ramal pelo próprio pé. Já o tenho feito pela excelente vista panorâmica que do mesmo se pode desfrutar que culmina numa das mais esplêndidas varandas naturais da Covilhã, o Largo de S. João de Malta, como popularmente sempre ficou conhecido. Apenas toldada pelo desadequado edifício habitacional que ali foi construído.
Está bem esta nova acessibilidade que se coloca à cidade possibilitando aos utentes formas de mobilidade que se desejam assíduas e frequentes para que se lhe restitua a vida de rua que sempre teve! Até em termos de saúde, note-se. Porém é preciso educar para a cidadania e mesmo neste campo, sobretudo a partir das escolas, para que tão importantes investimentos não fiquem aí só para vista.
E deixo uma sugestão. Como um dia destes presenciei em Antuérpia, o dia da mobilidade. Que a inauguração do dito seja motivo para o mesmo tema ao qual se podem associar a monitorização de importantes percursos temáticos.



Autor
António Pinto Pires

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
Malta / João / gentes / laboração / ramal / cidade / Ponte / memória / recordei / mesmo

Entidades
S. João de Malta / Ferreira de Castro / Ponte da Carpinteira / Poinsard / Beira Baixa

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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