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47 anos a tratar das feridas do leão da Serra

2011-06-15

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José Barreiros, 90 anos, dedicou 47 anos da sua vida ao Sporting da Covilhã.

É uma figura mítica do Sporting da Covilhã, que durante os 47 anos que esteve ao serviço do clube, como massagista, assistiu aos momentos mais dourados da história dos Leões da Serra e também viveu desilusões. Embora essas, sublinha José Gil Barreiros, fizesse por serem esquecidas.
Os amigos, que o acompanham à mesa do café, lembram a "peculiar corrida à Barreiros", sempre que alguém se magoava e o massagista, de estatura baixa, se precipitava a grande velocidade para prestar assistência aos jogadores. "Corri lá muito, mas não joguei", graceja José Barreiros, agora com 90 anos.
Por vezes a pressa não se justificava. Dezasseis anos depois de ter deixado o clube, lembra o entendimento que tinha com o plantel para saber se efectivamente a lesão era preocupante ou se o jogador estava no chão apenas para quebrar o ritmo de jogo ou para descansar. "Quando lá chegava e ele mexia na orelha, podia-se estar a queixar muito que eu já sabia que não era nada grave, estava a fazer fita", conta o antigo massagista, que durante 47 anos conviveu com muito jogador, treinador e dirigente. Não apenas do Sporting da Covilhã, com quem colaborava graciosamente, mas também de outros emblemas da região e não só, que o procuravam no consultório que abriu. Eram os casos de futebolistas do Portalegre e do Elvas, que vinham à Covilhã recorrer à experiência de José Barreiros.
O avançado Simonyi é recordado como um dos melhores jogadores que passaram pelos serranos. Treinadores lidou com Cabrita e muitos outros, mas o húngaro Szabo é dos que destaca.

Tampinhas de aguardente para resistir ao frio no Santos Pinto

Os tempos eram outros e José Barreiros conta outra história, depois de mencionar as muitas vezes que se jogava com neve no Santos Pinto, "campo muito difícil", e as baixas temperaturas que se tinham de enfrentar e que levavam ao desespero os adversários. "Uma vez a Académica veio cá, eles não aguentavam o frio e queriam parar de jogar. O massagista deles perguntava-me como é que os nossos aguentavam o frio e os deles não. Sabe o que fazia? Tinha uma garrafa com aguardente lá dentro, enchia a tampa e eles vinham à linha para lhes dar".
Embora continue a preferir o antigo estádio, "lá em baixo é muito longe, nem conhecemos quem anda lá a correr", o frio era um inimigo de quem tinha por missão manter os jogadores aptos. "O frio tem influência nas lesões musculares", refere. As rupturas musculares eram os problemas mais frequentes. Para minimizar os riscos, José Barreiros fazia misturas e massajava-os, para jogarem com os músculos quentes.
O clube do Interior, com 15 presenças na primeira divisão, era respeitado e tinha prestígio, "embora fosse um clube pobre". "O departamento médico era eu e chamava médicos a colaborarem comigo". Para além de despender quase todo o seu tempo livre ao serviço dos serranos gratuitamente, muitas vezes também acabava por comprar com o seu dinheiro os medicamentos necessários. "Tinha uma conta-corrente na farmácia Pedroso onde punha o que era preciso. De vez em quando o clube tinha dinheiro e lá vinha algum", salienta. "Se tivesse ganho cem mil réis por mês…mas só lá punha. Se eram precisas vitaminas, lá ia o Barreiros comprar vitaminas".

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Desporto

Palavras-Chave
Barreiros / Serra / José / Covilhã / Leões / tinha / Sporting / frio / clube / massagista

Entidades
José Barreiros / José Gil Barreiros / Szabo / Serra / Sporting da Covilhã

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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