Não seremos tão mesquinhos e radicais como quisemos fazer crer e espelhámos na última campanha eleitoral.
O covilhanense de gema teve que deslocar-se para lá da fronteira numa daquelas viagens de avião mais baratuchas, tendo regressado dias depois num transporte da mesma companhia. Na TAP não foi, porque nem uma palavrinha em português ele ouviu. Se tivesse sido na companhia nacional haveria cumprimentos e explicações em várias e diferentes línguas, para que todos entendessem, quer em idas, quer em regressos. Outras companhias não estão pelos ajustes. Cada um que se desenrasque. Nem uma palavra em português se ouve, esteja lá o avião a sair de Lisboa, esteja ele a chegar, esteja ele repleto ou não de lusitanos ou detentores da sua mesma linguagem. Uma palavrinha portuguesa é que não dá cabo dos ouvidos a ninguém. Cada um que se amanhe e o resto são conversas.
Ainda dizem que nós não somos nada. Entendemo-nos por onde quer que andemos, enquanto outros esperam que sejamos nós a dominar suas línguas, a compreender seus gestos, a adivinhar seus gostos, o que fazemos com orgulho e simpatia. Não seremos assim tão maus como nos julgamos e como bastas vezes nos sentimos. Não seremos tão mesquinhos e radicais como quisemos fazer crer e espelhámos na última campanha eleitoral. Chamámo-nos de nomes uns aos outros. Só faltou batermo-nos, quando tanto temos para nos unir e fortalecer.
Afinal com tantas dificuldades e carências ainda conseguimos ser melhores que outros em muitos aspectos, que na maioria das vezes não valorizamos e nem sequer levamos em linha de conta. Senão vejamos:
Mais um dos arquitectos da nossa língua foi referenciado com relevante prémio a que governantes de gabarito se referiram e deram parabéns; somos pátria do melhor treinador futebolístico do mundo e do melhor jogador, mesmo em tempos de crise; dois clubes nacionais disputaram uma final europeia de futebol, entre tantos outros que bem tentaram lá chegar e ficaram pelo caminho; à nossa porta o Coro Misto da Beira Interior, composto de gente com quem cruzamos todos os dias na rua e dirigido por um credenciado Maestro que connosco joga a bola, foi a terra de grandes músicos vencer medalhas de ouro e prata; a Waydip, empresa sediada no Parkurbis e promotora do projecto Waynergy foi vencedora de prémio de Inovação Ambiental… Mas mais teríamos para acrescentar e cada um de nós é capaz de ter em sua mira valores que não ficariam mal no apontamento que iniciámos.
Não seremos assim tão maus como nos pintamos e nos querem fazer pintar também. Enfrentemos as troikas e baldroikas com a energia herdada dos heróis do mar e de outros valores das artes e ciências, porque o sangue que corre nas veias e a força que nos vem da alma sempre souberam levar-nos além, onde nem todos conseguiram chegar.
Autor
sérgio gaspar saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
seremos / esteja / baratuchas / tendo / companhia / covilhanense / gema / deslocar-se / fronteira / viagens
Entidades
Parkurbis / TAP / Coro Misto da Beira Interior / Lisboa / Maestro
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Falta cumprir-se Portugal...
A gestão das coisas públicas em sentido económico/financeiro, vem sendo tema para todas as conversas...