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Dois projectos para hotel judaico

2011-01-26

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deram entrada na Câmara.

Belmonte espera que 2011 seja o ano da construção de um hotel kosher, de tradição judaica, no concelho, um projeto privado que está a ser apreciado pelo município, adianta à Lusa o presidente da autarquia, Amândio Melo.
No concelho reside uma das comunidades judaicas mais antigas do mundo, hoje com 140 pessoas. Os antepassados sobreviveram à Inquisição, celebrando o cristianismo em público e preservando o culto judaico em casa, escondido e ensinado pelas mães de geração em geração. Foi assim até à década de 1970.
Hoje, em Belmonte, existe uma sinagoga que chega a juntar 50 judeus nas tradicionais rezas de cada sábado e está ainda de portas abertas um museu judaico. Ambos os espaços são visitados por cerca de 15 mil pessoas todos os anos, desde turistas estrangeiros a alunos de escolas de Norte a Sul de Portugal. "Cerca de 40 por cento dos visitantes estão de alguma forma ligados à tradição judaica", sublinha Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, vila que vai ser sede da Rede de Judiarias de Portugal, a constituir em Fevereiro. Não espanta por isso que o autarca anseie por ver no terreno pelo menos o projecto, já revelado por empresários ao município, de construção de um hotel kosher.
Designam-se kosher todos os produtos certificados para consumo por judeus de acordo com os respectivos preceitos religiosos - por exemplo, não pode haver misturas de carne e leite. "Cada vez mais somos visitados por pessoas que acham que isto lhes diz respeito e, por isso, precisamos de alojamento e oferta de restauração adequada", destaca. À Câmara já chegaram dois projectos "para recuperação de edifícios para fazer pequenos hotéis e há pelo menos um em fase avançada", que se debate agora com a captação de capitais, adianta o autarca.
Quem visita Belmonte "gosta de ouvir os testemunhos da comunidade judaica e saber como sobreviveu até hoje", frisou, por seu turno, António Mendes, presidente da Comunidade Judaica de Belmonte, depois de ter guiado a visita de uma escola à sinagoga. A comunidade agradece as receitas obtidas com estas visitas, que são canalizadas para a manutenção do templo. Mas as visitas servem também para os judeus se abrirem ao mundo, depois de séculos de isolamento. "O que nos ensinaram é simples: não te exponhas, porque as pessoas não gostam de judeus", refere.
O próprio presidente da Comunidade Judaica de Belmonte cresceu sob esta ideia: foi baptizado e casado pela igreja católica, "celebrando os actos religiosos judaicos em casa". Em Belmonte, a comunidade nunca sentiu um perigo real, mas, "ainda assim, não queremos abusar da sorte", diz.
Para os alunos do 7.º ano da Escola Nuno Simões, em Calendário, Famalicão, a visita à sinagoga e as explicações que ouviram souberam a pouco. "Gostava de voltar e vou recomendar", afirma Bárbara Carvalho, uma das alunas, adiantando ter achado "muito interessantes os símbolos da sinagoga". Já Tiago Fontes, um colega, era peremptório: "É uma experiência que poucas vezes vou ter na vida". Nuno Sousa, professor de Educação Moral e Religiosa Católica, foi um dos docentes que acompanhou a visita. "O judaísmo é um dos temas da disciplina e uma forma de enraizar melhor os conhecimentos é esta: passar por uma comunidade", explica.



Autor
Notícias da Covilhã

Categoria
Local Belmonte

Palavras-Chave
Belmonte / comunidade / judaica / Lusa / Câmara / visita / presidente / pessoas / judaico / judeus

Entidades
Amândio Melo / António Mendes / Bárbara Carvalho / Tiago Fontes / Nuno Sousa

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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