Alunos da EPABI matam fome com bolachas

2012-12-12

Versão em áudio disponível!

00:00 00:00

É habitual as verbas em falta chegarem aos três meses, o que origina dificuldades no pagamento das rendas, da luz, água e da alimentação.

Com a carteira vazia, tal como a despensa, recorrer a bolachas durante todo o fim-de-semana para evitar passar fome é uma história que se repete. Fábio, 17 anos, desde os 15 a residir com colegas na Covilhã, para onde veio estudar na Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI) já passou por esse tipo de privação. Tal como muitos outros estudantes do estabelecimento de ensino.
Lá longe, 300 quilómetros a Norte, os pais não fazem ideia dos sacrifícios que tem feito para continuar a estudar música com os professores que admira. "Sei que se soubessem me punham dinheiro na conta, mas tenho vergonha de pedir. Sei que já fazem um grande esforço para me manter cá", justifica. "Estar sempre a pedir dinheiro aos pais é muito complicado", acrescenta.
Casos como o de Fábio multiplicam-se. Jorge Grilo, 18 anos, lamenta as situações que conhece de alunos que só fazem duas refeições por dia, as servidas na cantina, ainda por cima de qualidade que garante ser questionável. "Ficam sem comer todo o dia até ao jantar e depois só voltam a comer no outro dia, ao almoço", frisa.
Aos problemas relacionados com a alimentação deficitária, juntam-se outros associados a despejos por falta de pagamento de renda, ou com as dificuldades em pagar as contas como a luz ou a água.
"Na quarta-feira decidimos protestar porque já chega!", salienta Samuel Duque, o aluno com mais matrículas na escola e um dos representantes da comissão de estudantes. Pela manhã os portões da EPABI foram fechados a cadeado e os constantes atrasos no pagamento da bolsa de alojamento aos alunos deslocados, de 125 euros, denunciados, mais uma vez, publicamente. O habitual, explica, é um incumprimento de três meses. "Então pagam um mês, para nos calar", censura.

(Artigo completo na edição papel)