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A finta da China

2012-01-25

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Melhores dias se desenham e 2012 ainda vai ser um bom ano, assim a China nos ajude. Camaradas são para as ocasiões.
A história tem coisas que seriam difíceis de imaginar. Quem havia de dizer que a EDP seria comprada, numa importante parcela, pelo "grande capital"da China comunista? Tudo indica que, na actual crise das dívidas soberanas, o "grande capital" é afinal..comunista.
Ora, comunista que se preza, grita contra os interesses do "grande capital" e a "exploração da classe trabalhadora".Malvada história que, agora em pleno século XXI, manda para as urtigas os grandes slogans da ideologia comunista. Depois da queda do muro de Berlim só faltava agora que uma ditadura comunista seguisse os passos do "malfadado" capitalismo. O "avante camaradas" perdeu-se na ditadura do dinheiro. Grande finta.
Resta a Coreia do Norte, esse oásis entrincheirado, onde a miséria do povo e a fome contrastam com "grande capital"da dinastia comunista reinante. Até Cuba já percebeu que tem que mudar.
Pobre mundo onde redutos da estupidez ideológica continuam a ignorar a liberdade e o bem-estar do povo. Na China, de acordo com dados da ONU, cerca de 11 por cento da sua enorme população vive na mais indigente miséria, com menos de um dólar por dia. Todavia afogada em milhões de "grande capital"investe onde pode e onde deixam. Vale a pena citar o recente artigo de António Caeiro, publicado no Expresso de 30/12,onde refere uma entrevista de um ex-vice-ministro das finanças chinês que considerou os europeus "indolentes" e atribuiu a crise na zona euro ao "desgastado Estado social",acrescentando que "as leis laborais da Europa estão ultrapassadas e que suscitam mais a preguiça e a indolência do que o trabalho árduo". A ditadura do dinheiro não conhece ideologias. Depois da "troika",sem o qual salários e pensões fariam parte do calote nacional, aí está o amigo chinês. A cor do dinheiro e a sua proveniência deixou de importar. O que interessa é que este apareça para impedir que o "lixo" feito pela "criancinhas" que elegemos ainda se deteriore mais. A China deu à luz e esperamos que cumprimente o povo português com uma baixa de tarifas na EDP. Seria um óptimo sinal de solidariedade proletária. Todavia, a "revolução cultural" não fica por aqui e vai ainda mais longe pois teremos também investimentos em energias renováveis, numa fábrica de automóveis, na banca, no turismo e, como estamos em época de saldos, certamente vamos ter mais novidades financeiras.
O País, desde meados dos anos 90,vinha progressivamente empobrecendo. Governo após governo, o novo-riquismo e facilitismo reinantes conduziram o País para uma espécie de "Cuba livre"da Europa. Agora, graças ao comité do PC Chinês, o momento é de esperança e por este andar ainda vamos ser o "Macau" Europeu. Melhores dias se desenham e 2012 ainda vai ser um bom ano, assim a China nos ajude. Camaradas são para as ocasiões. Estou convicto que Portugal, visando uma estrita colaboração internacional, vai propor o envio de uma missão da Intersindical e da UGT para promover cursos de formação na área dos direitos dos trabalhadores. Os camaradas chineses serão assim devidamente instruídos nas tecnologias de aprendizagem rápida de "defesa de direitos" e de "greves sectoriais e gerais". Será uma outra "revolução cultural".. que vai criar condições para criar o "Estado social"chinês.
A democracia ocidental, muito empenhada, agradece.



Autor
José Vicente Ferreira

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
China / capital / comunista / chinês / Camaradas / ditadura / povo / dinheiro / EDP / Europa

Entidades
António Caeiro / EDP / ONU / Expresso / Europeu

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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