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O ministro e a cadeira

2012-10-03

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As cadeiras do poder e dos interesses têm que levar um grande abanão.

Quem estudou filosofia recorda-se daquela parte chamada lógica e particularmente dos silogismos que nos matavam a cabeça e a paciência.
Vem esta recordação a propósito do actual Ministro das Finanças e do seu pensamento tecnocrático. Os seus modelos teóricos não nos convencem pela simples razão de nunca acertarem nos resultados e apenas acertarem, em cheio, no bolso do cidadão. Fazem lembrar o silogismo da cadeira: "Quem tem pernas anda. A cadeira tem pernas..A cadeira anda". É este raciocíneo que está a alimentar os seus modelos.
Com a sua calma olímpica apresenta as premissas do modelo e com aquela convicção robótica diz logo à partida os resultados que espera.O País está como a cadeira com um enorme problema, pois o modelo ministrial apenas vai cortando nas pernas da cadeira. Será que a culpa é da cadeira ou, neste caso, dos malvados números, indicadores e racios que se recusam a obedecer à suprema inteligência do modelo? Ou será que estes modelos têm mais olhos que barriga?
Errar é humano, insistir no erro é muito "feio". Estamos bem tramados e sem alternativas. O experimentalismo político continua a apresentar-nos mais contas ,sem fim à vista. Há quem mande "lixar a Troika" o que levado às últimas consequências seria trágico pois salário, pensões e outros bens de primeira necessidade deixariam de existir. Gostaria de perguntar à esquerda marxista-leninista-trotskista e seus amigos onde arranjariam o "pilim" para aguentar o País? Sem financiamento não há nada para ninguém e discursos inflamados não pagam dívidas nem criam riqueza.
A realidade triste é que sem Troika vão-se os trocos. Trocos comunistas foram-se na queda do Muro de Berlim. Claro que com o actual capitalismo financeiro também não vamos longe .É preciso bater o pé e lutar por um País mais justo e equilibrado na partilha da riqueza.Com este raciocíneo ministrial quem se "lixa" somos nós.
Sugiro ao douto senhor que pense simples como o povo que trabalha. Perceba que somos capazes de fazer as nossas escolhas paralelas que tramam a execução orçamental. O erro do Governo está na falta de coragem politica para tomar decisões que afrontem os "donos do sistema". As cadeiras do poder e dos interesses têm que levar um grande abanão. O senhor Ministro podia aplicar um modelo mais prático. Apresente-lhes as contas, corte nas tais gorduras e ao mesmo tempo, enquanto não pagarem, aplique-lhes um "imposto de crise".Como fez ao povão a quem, sem qualquer negociação, limpou duma penada os subsídios de Natal e de Férias considerados inalienáveis e impenhoráveis(Artº 17.doD.L.nº496/80). Não tenha medo chegue-se à frente e vai ver que até a cadeira abana..



Autor
José Vicente Ferreira

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
cadeira / ministro / modelo / País / modelos / pernas / cadeiras / paciência / estudou / filosofia

Entidades
Apresente-lhes / Troika / Ministro das Finanças / País / Governo

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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