Do feriado de cinco de outubro já nos despedimos e vamos estando preparados para abdicar de outros da mesma família.
Depois do primeiro dia de outubro, se não me engano agora escrito com letra de crise, isto é letra minúscula, mas mesmo assim intitulado dia internacional do idoso, dia mundial da música, dia mundial do habitat, dia do professor, dia nacional da água, dia mundial do vegetarianismo e não sei se mais algum terá escapado, só faltava que o dia cinco desse mesmo mês deixasse de ser feriado da República Portuguesa, com letra maiúscula, esta para distingui-lo da república das bananas em que alguns parecem querer deixar cair a Pátria de Camões.
Que muitas coisas não vão bem já todos nós sabemos e estamos fartos de ver e ouvir, havendo até quem jure a pés juntos que tudo parece estar de pernas para o ar. O que não sabíamos, até há bem pouco, é que a Bandeira Nacional, símbolo da Pátria, também ela se poderia associar a tal situação apresentando-se, em cerimónia oficial, de pernas para o ar e presa por um fio. Se ela se quis irmanar ao descontentamento traduzido por gestos, vozes e cartazes ainda não sabemos e só poderemos superar tais dúvidas quando se aperfeiçoarem as imagens com retoques dos diferentes ângulos, tal como acontece nas faltas cometidas por alguns atletas em encontros desportivos televisionados, onde as decisões de arbitragem são analisadas até ao ínfimo pormenor mesmo já depois de aplicado ou não o correspondente castigo desportivo…
Do feriado de cinco de outubro já nos despedimos e vamos estando preparados para abdicar de outros da mesma família. Estaremos com sorte se a doença não se propagar ao sábado e ao domingo, no que vou pondo já minhas sérias reservas. É que no domingo logo a seguir a dia cinco, isto é dia sete de outubro, o Governo da Nação reuniu durante treze longas horas, segundo fontes oficiais de reconhecido mérito, dando, portanto, claro exemplo de utilização do domingo como mais um dia de trabalho, árduo e demorado, que a ser aplicado no mundo empresarial poderá, de futuro, reforçar o poder económico das pequenas e médias empresas e até das mais credenciadas para quem o ano deveria ter mais alguns meses e o dia mais uma porrada de horas.
O resultado de 13 horas de trabalho (treze nem sempre é azar) por parte de um poder executivo democraticamente eleito e num domingo, dia sagrado, dia do Senhor e tão próximo do feriado a extinguir, poderá querer dizer que tudo o que foi decidido, em tão longa reunião dominical, é mais que sagrado, devendo as decisões aí tomadas ser cumpridas na íntegra, sem recurso a quaisquer espécies de manifestação tal como aconteceu quando da apresentação da badalada TSU. As decisões tomadas em dias e horas da santa missa dominical são sagradas e, portanto, a única alternativa possível será o cumprimento integral das opções orçamentais com a bênção de S Bento e do Palácio de Belém, cujos jardins deverão continuar fechados para evitar a propagação dos vírus da gripe e de outras doenças possíveis de irritação vocal.
Deixemo-nos é de brincadeiras e vamos continuando a vindima enquanto as videiras deixarem e os bagos se mantiverem gordinhos e lusidios. A apanha da azeitona virá depois quando os pingos de chuva a tornarem apetitosa e pesadinha. O resto são conversas. Vamos ao trabalho, ou melhor, vamos ver se encontramos algum por aí.
Autor
Sérgio Gaspar Saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
mundial / letra / República / vamos / outubro / Portuguesa / Camões / feriado / Pátria / domingo
Entidades
S Bento / Governo da Nação / TSU / República Portuguesa / república das bananas
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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