Em causa licenças na Tessimax.
O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, assegurou na passada sexta-feira, 27, que a autarquia, desde 2002 que tem alertado, com "discrição", o empresário Paulo de Oliveira para corrigir algumas ilegalidades na Tessimax, e que a empresa tem feito ouvidos moucos, pelo que não restou outra alternativa que não fosse dar um prazo, até esta semana, para que as "ilegalidades" fossem eliminadas. "O que é que querem que faça mais. Querem que a Câmara vá a Fátima?" pergunta o autarca.
Após Miguel Oliveira, deputado do PS, ter pedido um esclarecimento a Pinto sobre todo este processo, que tem feito correr tinta na imprensa, Carlos Pinto contou, com documentação na mão, que desde 2002 a autarquia tem tentado sensibilizar o empresário. "A Câmara tem revelado abertura total. Foram dados vários prazos que nunca foram cumpridos" assegura o autarca. Carlos Pinto diz que nessa data notificou a então Nova Penteação para ilegalidades que foram detectadas, como a ampliação do edifício principal, a construção de um depósito de combustíveis, uma central de geração diesel ou uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) sem licença ambiental, e que desde essa data até 2012, a empresa ou ignorou os avisos ou então, prometeu fazer as correcções, mas até hoje não o terá feito. "Foi dado prazo até dia 30 deste mês. Mas até hoje nada foi apresentado na Câmara. Há processos em tribunal, mas estou curioso para ver o Tribunal dizer que uma ETAR ou central de energia não precisa de ser legalizado" afirma.
O autarca acusou ainda os deputados, vereadores e a própria concelhia do PS de terem trazido o assunto para a praça pública, quando a Câmara tratava o processo "com discrição". "Eu, se fosse deputado, nunca trazia aqui este assunto. Vocês não tiram dividendos com estas matérias" assegura. Carlos Pinto reafirma que existem ilegalidades e que, por acaso, se houvesse algum acidente de trabalho nalguma destas estruturas, como a ETAR ou central de energia, depois a Câmara seria acusada de saber do problema e não ter tratado dele. "Nós não actuamos consoante a riqueza das pessoas. O PS é sensível a isso, mas nunca trouxe um caso de alguém comum que não tivesse dinheiro para pagar taxas. E se ali houver um acidente, quem é responsável" pergunta o autarca, que diz ser "grave" ameaçar com o possível despedimento de 200 pessoas. "Que raio de espírito empresarial é esse" pergunta Carlos Pinto.
Miguel Oliveira diz que o PS "não defende ninguém" e assegura que discrição não é aquilo que a autarquia tem tido. Já Serra dos Reis, da CDU, acusou o autarca de "vingança" contra Oliveira, após textos de opinião do empresário, na imprensa regional, que não terá gostado de ler. "Se não é, parece" acusa o comunista. Uma interpretação repudiada por Carlos Pinto, que acabou por classificar este caso como "uma vergonha", lembrando que até foi ele que propôs, no passado, a medalha de ouro da cidade para o industrial, e recomendou também ao Presidente da República a medalha de comendador para Oliveira. "É conhecer muito mal o povo da Covilhã tentar colocá-lo contra mim com esta questão" garante.
Empresário fala em vingança
Em declarações à RCB, Paulo de Oliveira, diz que tudo não passa de uma vingança do presidente da Câmara da Covilhã depois dos artigos publicados no JF. Além de "vingativo", o empresário diz que Carlos Pinto "anda a brincar com os empresários da Covilhã". Quanto ao processo em causa será, segundo Paulo de Oliveira, resolvido em tribunal. O empresário apresentou uma providência cautelar para travar a cassação da licença da sociedade e moveu uma acção à Câmara da Covilhã por entender que a licença de utilização da empresa está tacitamente aprovada.
As empresas de Paulo de Oliveira encerraram para férias esta semana. O empresário espera regressar, dentro de três semanas, e continuar a laborar recordando que o encerramento de uma empresa, no caso a Tessimax, que emprega cerca de 200 trabalhadores, implicaria o encerramento de todas as empresas do grupo que empregam 1.150 pessoas.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Pinto / Câmara / Oliveira / Carlos / Covilhã / Paulo / empresário / autarca / ETAR / Tessimax
Entidades
Tessimax / Carlos Pinto / Paulo de Oliveira / Miguel Oliveira / Pinto
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Deputados municipais levantam dúvidas quanto à entrada de privado no consórcio que irá gerir a Pousa...
Interposta providência cautelar...