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O livro perdido da Covilhã

2012-02-01

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Um povo que o podia ser de criadores acaba por ser uma matilha de aldrabões.

Eduardo Lourenço tem-nos questionado permanentemente sobre a nossa origem / condições ou inevitabilidade quiçá o nosso destino quase fatal como pessoas e País.
Um destes dias fui ouvir Gabriel Magalhães que conhecia de alguns escritos e me deixou maravilhado ante a riqueza de pensamento reflectido em "Madrugada na tua alma". A partir desta obra realço alguns aspectos que utilizarei como termo de análise / comparação.
Parafraseando sem distorcer, "não admira que num País como o nosso, tão dado a esquecer os seus talentos, possuidores de enormes qualidades, nos deparemos amiúde com essas virtudes transformadas em defeitos".
A nossa criatividade que caracteriza esse excesso de imaginação dos portugueses "só em Portugal podia haver um Fernando Pessoa". Mas é pena que a criatividade, hoje, só nos serve para o nosso defeito de trafulhice. Um povo que o podia ser de criadores acaba por ser uma matilha de aldrabões.
Não deixa de ser soberba a questão que se coloca: "Já imaginaram o que seria o nosso Portugal se a energia que se aplica na vigarice se orientasse para actividades dignas?"
Para de imediato concordar com o distinto professor e (re) sublinhar o quanto este pormenor mostra como "a nossa criatividade, que podia servir para tanta coisa boa, se está a reduzir a uma mera trafulhice do mero oportunismo."
Em tempos não muito recuados, quando uma figura pública veio a terreiro lançar a confusão sobre a alegada orientação sexual de José Sócrates, atribuindo-lhe o gosto por outros colos, fiquei bastante indignado com essa atitude e o resultado da opinião pública eleitoral, não o foi menor.
Nos alvores do Verão passado uma "alegada caravana" da revista Visão, e a pretexto de uma questão pessoal, se veio desse modo ofender a dignidade de Carlos Pinto, recorrendo ao nome de seu pai, de forma vil e despeitada. Manifestei-lhe de imediato a minha solidariedade e indignação pelo ato. Não gostei como é óbvio.
Os ataques recentes a Carlos Casteleiro não passam de mais um desses procedimentos atávicos, onde a sua grandeza e heroicidade, é transformada em farsa e Carnaval de "pretensos políticos a fazerem de conta que são de vistas cultas, requisitados intelectuais, e não passam de espertalhões com uma ou duas ideias eleitorais".
Termino segundo Gabriel Magalhães, "Os verdadeiros heróis são pessoas humildes. Lúcidos. Que fazem aquilo que têm a fazer, sem dar nas vistas. A heroicidade a sério não se vê: não tem palco incluído". "A discrição é o terreno próprio da verdadeira valentia. Quem precisa de palmas é porque é covarde. Ou de como ser português, também tem sido isto: aprender a viver com a doença da portugalidade."
Mas não devia ser isto, não devia…e fico triste, por isso".



Autor
António Pinto Pires

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
Covilhã / Eduardo / Lourenço / podia / País / criatividade / origem / condições / Portugal / livro

Entidades
Eduardo Lourenço / Gabriel Magalhães / Fernando Pessoa / José Sócrates / Carlos Pinto

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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