Conferência sobre os 100 anos do NC.
"Não é fácil, não foi, certamente, fácil, ao longo de tantos anos, e na travessia de períodos tão difíceis manter a fidelidade aos princípios consagrados neste estatuto editorial: verdade, justiça, solidariedade, independência, perante o poder político, económico e outros. Mas é aqui que está o segredo de ter chegado aos nossos dias." Foi esta a mensagem enviada pelo patrão do grupo Impresa, Pinto Balsemão, na conferência que assinalou os 100 anos do Notícias da Covilhã (NC) na passada sexta-feira, 20, na UBI. Um evento ao qual o patrão do Expresso e SIC faltou, por motivos de última hora, fazendo-se representar pelo director de relações institucionais do grupo, Albérico Fernandes.
Na abertura, o Reitor da UBI, António Fidalgo, agradeceu o facto do NC escolher a instituição para este evento e lembrou os protocolos de colaboração que seriam assinados nesse dia entre as duas entidades. Que contemplam, entre outras coisas, a realização de estágios de alunos da UBI no NC e também um trabalho de renovação de contéudos online por parte da universidade na página que o semanário mantém na Internet.
Já o director do NC, Fernando Brito, fez um percurso pela história dos 100 anos do jornal lembrando o papel "fundamental" da imprensa regional como "meio e pilar da sociedade" numa altura em que os desafios são "imensos", com a crise. Os custos com portes de envio, a diminuição da publicidade institucional e a dificuldade em aceder a fontes de informação são, segundo o director do NC, alguns dos obstáculos que a imprensa regional tem que enfrentar, prometendo "tudo fazer" para que o jornal seja "a voz da população", da cidade e da região, com identidade própria e "uma referência de opinião" no futuro. Dizendo que sustentabilidade "só será possível contando com muitos amigos e leitores".
O bispo da Guarda, D. Manuel, diz que um órgão de comunicação social da Igreja deve "valorizar a vida e o progresso", defendendo valores como "a verdade e a justiça", desejando que o NC "continue a empenhar-se nesse caminho". O bispo elogiou a colaboração agora protocolada com a UBI, "pois o NC pode dar contributo, com a sua experiência, em prol de jovens estudantes".
O "bom exemplo do NC"
Quanto ao representante do grupo Impresa, Albérico Fernandes, justificou a "absoluta impossibilidade" de Pinto Balsemão em estar na conferência. Depois, leu a mensagem deixada por Balsemão, que elogia a comemoração de um momento "único para qualquer editor que se preze" e lembra a boa recepção que teve por parte da Diocese quando, em Junho, esteve na Covilhã na comemoração dos 40 anos do Expresso.
Também Pinto Balsemão recordou a história do semanário, as contrariedades que surgiram, mas em que os beirões "não desmolarizam" e o facto do NC sempre ter sido fiel aos seus princípios. Um "jornal de inspiração cristã, promotor dos valores e dos direitos do homem com base na verdade, na justiça e na solidariedade (…) orientado por critérios de rigor, com independência dos grupos económicos e ideológicos, dando voz aos que não têm voz".
O patrão do Expresso recorda que, dos 22 jornais ainda activos com 100 ou mais anos, 19 são da imprensa regional, um sector do qual "está por fazer a história em toda a sua amplitude." Uma imprensa "que acrescenta um factor para mim muito importante, que é o da proximidade. Só a informação de proximidade acompanha os passos da vida do cidadão; só ela sabe transportar, em linguagem quase familiar, as notícias dos seus familiares e da sua terra." Pinto Balsemão está preocupado com a actual conjuntura, que pode fazer com que alguns títulos centenários não resistam, um "risco que também correm os grandes meios de expansão nacional e internacional e até os grupos de comunicação social."
As novas tecnologias, as novas plataformas de comunicação e sobretudo a concorrência desleal dos motores de busca que, a qualquer hora, têm informação actual à distância de um clique, sem terem que recorrer a profissionais do sector, foram algumas das preocupações deixadas. "Se não aproveitamos as oportunidades concedidas pela revolução tecnológica, perderemos qualidade e valor, com consequências negativas para os profissionais. Quando a babel da comunicação na internet, nas redes sociais e nos blogues ganha volume todos os dias, qual a forma de sobreviver" pergunta Balsemão. Que classifica o NC como "bom exemplo", desejando "que passe incólume por esta floresta de enganos e chegue aos próximos 100 anos, seja em que plataforma ou em várias plataformas for, com o mesmo prestigio que goza nos nossos dias e a satisfação do dever cumprido."
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Balsemão / fácil / UBI / fidelidade / Pinto / Conferência / imprensa / Expresso / patrão / comunicação
Entidades
Pinto Balsemão / Albérico Fernandes / António Fidalgo / Fernando Brito / D. Manuel
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