Dielmar faz fatos, com tecidos da Fitecom, na Covilhã. João Carvalho, empresário, diz ser sinal de reconhecimento.
"Penso que o que há é o reconhecimento da nossa qualidade, pelo futebol português. De que somos capazes de produzir um produto que não deixará ficar mal Portugal em qualquer parte do Mundo". É assim que o empresário João Carvalho, da Fitecom, reage ao facto de ser o tecido da sua empresa aquele que "veste" a selecção nacional no próximo Mundial do Futebol, que se realiza no Verão, no Brasil.
Na passada semana, em Lisboa, a Federação Portuguesa de Futebol assinou com a empresa de confecções Dielmar, de Alcains, um acordo, que vigorará até 2016, que prevê que seja esta empresa a confecionar os fatos oficiais da selecção nacional e dos elementos da Federação. Ou seja, os eleitos de Paulo Bento viajarão para o Brasil com fatos feitos em Alcains. Mas também a Covilhã fica ligada a Ronaldo e companhia, já que o tecido com que a Dielmar vai fazer as "fatiotas" é "made in Covilhã", na Fitecom. As etiquetas também têm chancela covilhanense, já que segundo o NC apurou são feitas na Haco, empresa localizada no parque industrial do Canhoso.
"Não é uma estratégia para entrar no mercado brasileiro nem uma estratégia de marketing forte. É o reconhecimento da nossa qualidade. É óbvio que para nós é uma mais-valia. Traduz para o nosso cliente internacional uma confiança acrescentada. É este o grande impacto que esta questão pode ter" afirma João Carvalho, em exclusivo ao NC. O empresário recorda que a Fitecom já está ligada a vários grupos económicos, no mundo, que se distinguem, e até revela que, "por exemplo, uma companhia aérea, que nos últimos cinco anos tem ganho o prémio de melhor fardamento do mundo, começou a ganhar quando passou a fazer os fatos com os nossos tecidos."
Este ano, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) festeja 100 anos de vida, enquanto a Dielmar, em 2015, completa 50. O presidente da FPF, Fernando Gomes, recorda que este é o retomar de uma relação que já existiu, no passado, e que foi reatada com uma empresa de "referência, que tem qualidade". Gomes diz que a Federação é "uma marca forte, de expansão" e que o facto da Dielmar "também apostar nisso" fez com que se juntassem "duas vontades". Também afirma que esta é uma forma de "promover os produtos portugueses no Brasil".
Já Ana Paula Rafael, directora geral da Dielmar, recorda que já foi parceira da Federação, que personifica o "exemplo de querer vencer", o que as empresas "devem também sentir". "Queremos partilhar o seu sucesso" assegura, explicando que algumas cores fortes usadas nas roupas, como o vermelho e azul, tem por objectivo também "mostrar uma imagem de força de Portugal no Mundo".
Recorde-se que em 2010, aquando do Mundial na África do Sul, a selecção ficou intimamente ligada à Beira não só pelo realização do estágio de preparação na Covilhã, mas também pelo facto de, então, a equipa nacional liderada por Carlos Queiroz ter viajado para a África do Sul com fatos feitos em Belmonte, na Grasil, com design da famosa estilista Fátima Lopes.
"Não vejo porque o futuro (dos têxteis) não possa ser risonho"
João Carvalho participou na passada quinta-feira, 3, nas Jornadas Têxteis promovidas pela AFTEBI, na Covilhã. Num colóquio que juntou pessoas de empresas como a Ecolã (Manteigas), Twintex (Fundão), Grasil (Belmonte) ou a Penteadora (Covilhã), o empresário, 55 anos, lembrou aos alunos como conheceu os têxteis, há 30 anos atrás, e o que são hoje, fruto de uma grande aposta em tecnologia e inovação. "Quando eu era miúdo, o som da Covilhã era o dos teares. Hoje em dia, o mundo é muito diferente" assegura, lembrando que no sector têxtil e do vestuário, só tem sucesso quem tem produto e marca própria.
Apesar da concorrência asiática, João Carvalho lembrou que hoje, a qualidade, é um factor diferenciador, e que produzir, hoje, "é a coisa mais fácil do Mundo. Comercializar é que não. Vender é que é o diabo" exclamou, arrancado uma sonora gargalhada na plateia.
Em declarações ao NC, e depois de já ter dito, no colóquio, que pensa que "não existe crise", o empresário, natural do concelho de Belmonte, reafirmou essa posição, vincando que o que há é uma "nova realidade". "No mundo da indústria têxtil, no qual entrei há 30 anos, sempre ouvi falar de crise. Que as coisas estão difíceis, que isto não se vende, não funciona, mas para mim esse vocábulo nunca fez muito sentido. Sempre disse que o que temos é aquilo com que temos que viver. Temos que nos adaptar ao que temos. As pessoas andarem a viver acima das possibilidades é algo que não volta a acontecer. Pousemos os pés na terra e vejamos a realidade. Não estou a ver o Estado a baixar impostos, as pessoas a terem um filosofia de vida diferente. O que vejo é uma nova realidade à qual todos têm que se adaptar, inclusive os empresários" frisa.
Nos têxteis, Carvalho é peremptório: "Não vejo porque o futuro não possa ser risonho. Eu penso que sim. É tudo uma questão de dedicação, empenho, trabalho, conhecimento e objectividade."
Reportagem completa na edição papel
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Covilhã / Dielmar / Carvalho / Mundo / Federação / João / Fitecom / futebol / fatos / empresa
Entidades
João Carvalho / Paulo Bento / Ronaldo / Fernando Gomes / Gomes
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Fábrica de peluches emprega 103 pessoas, mas pode mudar-se para a Tunísia...
No Tortosendo...