Ourondo, Vales e Orjais em protesto nas europeias

2014-05-27

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Fecho de escolas e agregação de freguesia levam a protestos nas eleições.

Um domingo de eleições europeias com elevado índice de abstenção, na ordem dos 66 por cento, e de contestação em algumas freguesias do concelho da Covilhã. Foi assim no passado domingo, em que o PS, a nível concelhio, tal como no distrito e País, ganhou, mas em que a contestação ao possível fecho de escolas, bem como à agregação de freguesias, se fez sentir.
No Ourondo, que já nas últimas autárquicas tinha boicotado as eleições, desta vez não houve distúrbios na mesa de voto, mas o povo voltou a sair à rua, de luto, e em luta, contra a agregação da freguesia a Casegas, tal como fizera em Setembro do ano passado. Desta vez, ninguém foi impedido de votar, mas tal como no ano passado, no final da missa, os populares reuniram-se no largo da aldeia com bombos, bandeiras e vestindo camisolas negras em sinal de protesto.
Antes, durante a manhã, também tinha sido promovida uma limpeza de bermas na localidade, que assim quis mostrar estar "abandonada" pelo actual executivo da União de Freguesias de Ourondo/Casegas. Desde cedo que a GNR marcou presença na aldeia, mas o protesto acabou por ser ordeiro e pacífico. A caminhada foi animada por bombos, pelos cânticos do "Hino do Ourondo" e da Grândola Vila Morena, e os ânimos só se exaltaram quando os manifestantes viram um dos elementos da União de Freguesias. "Se tens vergonha vai-te embora. Não precisamos cá de ti. Nunca cá vens não é agora que és cá preciso", gritaram alguns populares que, não tendo resposta, acabaram por abandonar o local, sem contudo terem exercido o direito ao voto. "Não impedimos ninguém de votar. Quem quiser votar que o faça. Esta é apenas mais uma jornada de luta para que quem decidiu perceba que fez mal em juntar as duas freguesias [Casegas e Ourondo] e que nós estamos a ser prejudicados", refere Carlos Bicho, porta-voz do Movimento do Povo do Ourondo. Em comunicao, Carlos Bicho garante ainda que o movimento realizará uma queixa contra o que considera ter sido a "constituição ilegal" da mesa de voto, que foi nomeada pela Câmara Municipal da Covilhã.
Depois de não ter sido indicado nenhum nome, o presidente do município, Vítor Pereira, optou por nomear os mesmos delegados das autárquicas. Todavia, dois deles mostraram-se indisponíveis, pelo que hoje pela manhã a mesa abriu com três elementos, tendo depois sido nomeado pelo presidente da união de freguesias um quarto elemento. "Este processo está todo mal e vamos apresentar queixas porque houve aqui ilegalidades", garante Carlos Bicho. Em comunicado, este responsável deixa ainda a sua solidariedade para com as freguesias que, no mesmo dia, decidiram protestar "em defesa das suas aldeias e da escola pública".
Foi assim em Orjais e Vales do Rio, duas terras "visadas" num possível encerramento das respectivas escolas primárias. As eleições acabaram por ser marcadas por boicotes. Em Orjais, a população não permitiu que ninguém se aproximasse do portão da escola, nem mesmo os elementos da GNR que compareceram no local, pelo que a mesa de voto, com 768 eleitores, não chegou a abrir.
O autarca local, António Pinto, mostrou-se solidário com a luta da população. "Tenho que estar ao lado dos pais. As crianças não são objectos" afirma o presidente da Junta, que diz que o povo ficou "muito preocupado" ao ver que Orjais estava na "lista negra" das escolas a encerrar.
Já em Vales do Rio, o cadeado foi cortado pela GNR, mas a mesa de voto, na qual estavam inscritos 726 eleitores, também não foi aberta porque os elementos da mesa consideraram que não estavam reunidas condições devido à presença de vários manifestantes que permaneceram à porta a fazer barulho com recurso a tachos e vuvuzelas.O autarca local, Rui Amaro, compreende os motivos dos eleitores, que querem "condições" na sua freguesia, sendo a educação e saúde "fundamentais" para que as pessoas ali vivam e se fixem.