Prelado faz revisão desta década.
Faz hoje dez anos que cheguei à Diocese da Guarda para exercer o Ministério Episcopal, por nomeação do Papa João Paulo II.
A doença do Sr. D. António dos Santos tinha-o afastado da Diocese e eu fui recebido na Casa Episcopal pelo Rev.do Padre Cartaxo, em seu nome, e pelas irmãs Adelina, Lúcia e Miraldina.
Era um dia frio, mas cheio de sol. Saí da Casa Patriarcal de Lisboa, pela manhã e, às 15H00, iniciava-se a celebração de acolhimento e início do Ministério nesta nossa querida Diocese da Guarda. Essa celebração, presidida pelo arcebispo da nossa província eclesiástica e Patriarca de Lisboa, cardeal D. José Policarpo, na ausência do Sr. D. António dos Santos, começou na Igreja da Misericórdia, com cortejo para a Sé, onde foi celebrada a Eucaristia.
Os dias que se seguiram continuaram frios, pois parti de casa sempre pela manhã com 6/7 graus negativos e cheguei igualmente com temperaturas muito baixas. Mas o calor do acolhimento que senti, sobretudo nos sacerdotes que ia visitando e também nos fiéis e nas suas comunidades, compensou largamente o frio que as condições atmosféricas impunham.
O ano de 2005 foi tempo para um primeiro conhecimento da Diocese, dos sacerdotes, movimentos, serviços e obras de apostolado, dos arciprestados e também das paróquias.
No ano de 2006, iniciei o processo das visitas pastorais, por arciprestados, com a preocupação de chegar a todos os diferentes lugares, contactar cada pároco e seus mais directos cooperadores pastorais, assim como as diferentes instituições eclesiais, que fazem o tecido pastoral da nossa diocese. Também houve preocupação de dialogar com as instituições da sociedade civil, por onde necessariamente passam as opções que são feitas em cada comunidade e, assim, condicionam a vidas das pessoas. Em cada uma das paróquias visitadas, depois dos diálogos estabelecidos com o pároco e seus mais directos colaboradores, mas também com as várias instituições quer pertencentes à comunidade paroquial quer da sociedade civil, foi elaborado um relatório, que, no encerramento da respectiva visita, foi lido à comunidade e deixado na paróquia para ser arquivado. Nele se fez a descrição do acontecido, mas também se deram indicações sobre alguns caminhos de acção pastoral recomendáveis. No final das visitas pastorais a todas as paróquias do mesmo arciprestado houve também preocupação por elaborar um outro relatório sobre os indicadores mais relevantes dos caminhos de acção pastoral aconselháveis para o conjunto das paróquias desse arciprestado.
No final ficou a sensação de que significativo número de paróquias, devido ao reduzido número dos seus residentes, já não têm possibilidade de sozinhas cumprirem todas as dimensões da missão que é cometida à instituição paróquia enquanto tal. Por isso, independentemente de reformar o número das paróquias, o mais decisivo parece ser criar a nova mentalidade de que as paróquias têm de se abrir muito mais à cooperação pastoral entre si e que o arciprestado tem de ser cada vez mais a base da acção pastoral comum a todas as suas paróquias e conjuntos de paróquias.
Também tomámos consciência de que para isso há um instrumento que temos de desenvolver e aproveitar o mais possível, que é o conselho pastoral arciprestal.
Este programa de visitas pastorais terminou em dezembro de 2012.
O Concílio do Vaticano II
Paralelamente, impôs-se a verificação de que era necessário orientarmos as nossas prioridades pastorais para a formação cristã de adultos. Fizemos um primeiro esforço para retomar o estudo do catecismo da Igreja católica, ao longo de quatro anos, dedicando cada um deles a uma das suas quatro partes. E elaborámos os respectivos textos de apoio.
Fizemos, a seguir um segundo esforço, que durou três anos, com o objectivo de remotivar os nossos fiéis e comunidades da Fé para o encontro com a Palavra de Deus e a Bíblia. Pretendemos que fossem criados grupos bíblicos e para tal procurámos a ajuda de missionários redentoristas e do Verbo Divino que percorreram os diversas paróquias e arciprestados ao longo destes anos.
Quisemos, a seguir, voltar a nossa atenção para o cinquentenário da celebração do Concílio Vaticano II e rever a sua recepção na nossa Diocese e nas nossas comunidades. Para nos motivarmos, começámos por lembrar o entusiasmo inicial que suscitou o Concílio em vários sectores de sacerdotes e leigos desta Diocese, nos anos subsequentes ao mesmo Concílio. E procurámos incluir no nosso plano pastoral previsto para quatro anos o desejo de retomar a revisão das formas como as orientações do Concílio estão a ser assumido nas nossas comunidades. Pretendemos concluir este esforço em 2017, com a resposta ao pedido que foi feito para que seja convocada uma assembleia de representantes de toda a nossa Diocese. Nela desejamos definir linhas de prioridade pastoral para os próximos anos, tendo em conta o esforço feito durante os três anos que a antecedem.
No primeiro destes 4 anos, que já passou, interrogámo-nos sobre a forma como estamos a aplicar o modelo de Igreja proposto pela Lumen Gentium e a Gaudium et Spes. Naquele que está a decorrer interrogamo-nos sobre as formas de evangelização e catequese exigidas pela presente conjuntura eclesial e social e tendo como inspiração Dei Verbum do Concílio Vaticano II. No ano que se seguirá queremos perguntar-nos pela forma como as nossas comunidades estão a celebrar a Fé de acordo com as orientações da Constituição Conciliar Sacrossantum Concilium.
Encontros com os párocos
O ano de 2014 foi marcado pela preocupação de fazer-me encontrar com cada um dos nossos párocos e depois também com os seus colaboradores. Sem excluir qualquer outro assunto, procurámos, nestes encontros, avaliar como está a ser feita em nós sacerdotes e nas nossas comunidades a recepção do modelo conciliar da Igreja. Esse encontro com cada pároco foi precedido da recolha de alguns dados sobre o movimento eclesial e social de cada paróquia e conjunto de paróquias. Em geral, este encontro com cada um dos párocos e seus cooperadores foi seguido de um outro encontro, a nível de arciprestado, onde foi apresentado um relatório sobre dados relevantes que indiciam caminhos pastorais de maior colaboração entre as distintas paróquias e conjuntos de paróquias, valorizando sempre e o mais possível a estrutura do arciprestado. Em geral foram sublinhadas as seguintes linhas de acção pastoral:
a)Apostar mais no fortalecimento da vida comunitária, nas nossas paróquias e conjuntos de paróquias. Isso exige que valorizemos ainda mais os diferentes ministérios na vida das comunidades, com a supervisão activa do respectivo pároco. Em todo este processo, é preciso também rever o nosso serviço da autoridade de modo a permitir e estimular a participação e boa coordenação de todos os fiéis e dos diferentes ministérios. Instrumentos de participação pastoral, como os conselhos pastorais paroquiais ou interparoquiais e os conselhos pastorais arciprestais continuam a ser prioridades.
b)Em cumprimento das orientações conciliares, sentimos a urgência de contribuir para que as nossas comunidades sejam cada vez mais escolas de Fé. E escolas que ensinam, mas também onde se experimenta a boa relação em comunidade e com Deus e ainda sejam espaços onde as pessoas se sentem acompanhadas para viverem os valores que o Evangelho inspira.
c) Por sua vez, sentimos que o estatuto da Igreja enquanto comunhão, segundo as orientações conciliares, exige relações fortes entre as pessoas, mas também das próprias comunidades entre si. Por isso, só cumprem esta sua vocação à comunhão comunidades abertas, com a disposição de colaborarem com outras comunidades, a começar pela vontade de partilharem recursos, como são ministérios, serviços de formação ou lugares e momentos de celebração.
Ao longo do último ano houve preocupação de motivar para que sobretudo os sacerdotes se empenhem prioritariamente no acompanhamento personalizado das pessoas. Nessa linha, as jornadas de formação do clero realizadas em janeiro pretenderam chamar a atenção para o facto de que cada sacerdote primeiro precisa de fazer a experiência de se deixar acompanhar para depois acompanhar pastoralmente aqueles que lhe estão confiados. Tivemos a óptima ajuda de um sacerdote jesuíta experimentado na arte do acompanhamento sobretudo de outros sacerdotes e consagrados.
Foi este o primeiro ano em que o nosso Seminário Maior esteve deslocado em Braga, para, em parceria com mais outras três dioceses, criar condições para os nossos seminaristas poderem frequentar a Faculdade de Teologia da UCP. Por sua vez, foi o último ano em que o nosso seminário menor esteve no Fundão, transferindo-se para o Seminário da Guarda. Sentimos também a necessidade de desenvolver e aprofundar o nosso serviço pastoral pré-seminário, com o empenho e a colaboração de toda a Diocese.
O plano pastoral
Agora, pela frente está a responsabilidade de nos empenharmos para dar cumprimento ao nosso plano pastoral diocesano feito para quatro anos, devendo terminar com a assembleia de representantes de toda a Diocese. Para isso, precisamos de continuar a motivar, com determinação, as nossas comunidades, a começar pelos colaboradores pastorais de cada pároco, para darem a devida utilização aos cadernos pastorais que temos preparados para cumprir o programa pastoral deste ano. Serão as respostas aos perguntas neles feitas a base dos assuntos que hão-de ser levados à assembleia de representantes prevista para o ano de 2017.
Por sua vez, os conselhos pastorais arciprestais são instâncias e instrumentos da maior importância em todo este processo. E precisamos de os pôr a funcionar onde isso ainda não aconteceu.
Nestes dez anos, surgiu uma realidade nova na nossa Diocese que foram os diáconos permanentes. Temos 17 diáconos, que são precioso dom de Deus para o serviço pastoral das nossas comunidades. Queremos que o nosso programa pastoral diocesano e sobretudo as acções de formação que ele envolve contem, o mais possível, com o seu empenhamento. Pelo menos em algumas circunstâncias, sinto que é preciso desenvolver de forma mais concertada, a cooperação entre os diáconos e os sacerdotes, mas também com outros serviços pastorais. Sinto que o futuro da acção pastoral na nossa Diocese passa, em grande medida, por uma mais organizada cooperação entre sacerdotes e diáconos, com responsabilidades bem definidas.
E neste ano dedicado à vida consagrada também vou sentindo que os diferentes carismas das várias comunidades religiosas que temos na Diocese, a que se acrescentam as comunidades da Liga dos Servos de Jesus e ainda mais outros consagrados, são um precioso dom que Deus nos oferece. Mas também constituem responsabilidade acrescida pela obrigação que sobre nós recai de procurarmos tudo fazer para criar as condições necessárias à sua adequada participação no serviço pastoral das comunidades.
Este ano de 2015 é ano de visita ad limina de todo o episcopado português. O que aqui fica expresso é já por si mesmo uma parte do relatório que é pedido a cada uma das nossas dioceses para ser presente aos diferentes dicastérios romanos que nós bispos portugueses iremos contactar, em Setembro próximo.
Neste dia de acção de graças, mas também de revisão do trabalho pastoral até agora realizado e de projecção sobre o que é necessário continuar a realizar para o futuro próximo, na minha prece ao Senhor, lembro as palavras do salmo: Em vão trabalha o construtor se o Senhor não edifica a casa.
Autor
NC
Palavras-Chave
Diocese / pastoral / paróquias / comunidades / pastorais / Concílio / sacerdotes / Igreja / Episcopal / Prelado
Entidades
Papa João Paulo II / Sr. D. António dos Santos / Casa Episcopal / Rev.do Padre Cartaxo / Adelina
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