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Empresários e portagens: a velha questão

2015-12-16

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Urge, portanto, rever o assunto e abolir os pórticos, possibilitando, por esta via, uma importante ajuda à economia regional.

Que não se torne moda e que não se revele como revolta, o assunto das portagens da A23, abordado um pouco por todos os quadrantes sociais, após o período de incerteza politica, que parece agora ter acalmado. Se na anterior legislatura, este assunto já era tema de revindicação, torna-se agora mais evidente a reclamação geral pelo mesmo, após a nomeação do Governo. Não apenas porque temos um novo Governo, mas por algumas razões de fundo, que importa reter: A vinda da auto estrada à Beira Baixa, que levou toda a região a congratular-se; A introdução dos pórticos cobradores de portagens, que conduziram a uma divisão politica de opiniões, entre a lógica do utilizador pagador, das isenções, do défice excessivo e muitas outras opiniões de jogos de empurra; Ainda, porque foram os candidatos, incluindo o agora primeiro ministro, que anunciaram perante empresários da região, em campanha eleitoral, a revisão do assunto das portagens, logo que possível, nos territórios de baixa densidade e nas zonas transfronteiriças.

Acreditamos, pois, que a revisão das portagens, esteja na agenda deste Governo, sabendo, também, que haverá outras prioridades. Ainda assim, não podemos deixar passar mais tempo sem trazer o tema a debate. Impõe-se trazê-lo para a ordem do dia, revindicando o bom e urgente tratamento do mesmo, pois pese embora outras prioridades que o governo possa ter, somos nós, empresários desta região, que sentimos na pele a penalização e que sabemos, melhor que ninguém, quanto as portagens, têm prejudicado as nossas empresas.

Certo também, que alguns questionarão porque não se tomaram medidas concertadas, sobre o tema, na anterior legislatura?
Porque vêm agora estas revindicações, quando afinal parece que a economia até esta a recuperar?
Importa também aclarar, que esta revindicação sobre as portagens, aparece mais vincada agora, e apareceria mesmo que se tratasse do governo da anterior coligação, pois como todos nos lembraremos, este assunto foi também de abordagem clara e de garantia do governo da anterior legislatura, para tratamento no período a seguir ás eleições. Pode ser que tivesse sido apenas um impulso de "caça votos", e de confiança de governação continuada, mas como verificamos que o tema foi trazido à ordem do dia, por ambos os candidatos, sem que tenha havido concertação entre eles, podemos admitir que nos assiste o direito de trazer o assunto a público, fosse qual fosse a coligação politica, a formar o atual Governo.

A AEBB-Associação Empresarial da Beira Baixa, sempre esteve e está preocupada com a forma como este assunto foi sendo tratado ao longo do tempo. Esta Associação, nunca assumiu um papel de linha da frente, nem de iniciativa de rua, porque sempre acreditou que o diálogo ainda haveria de ser a melhor forma de resolver o assunto. Hoje, a AEBB pode assumir uma postura mais ativa, tendo em conta que a região estará melhor organizada e será mais capaz de unir esforços conjuntos, em torno de objetivos comuns e transversais ao território. Temos hoje uma consciencialização empresarial, mais forte e atenta à envolvente. Temos hoje um conjunto de empresários, que sobreviveram a um período altamente nebuloso e que estão mais despertos, para problemas que poderiam parecer de relevância relativa.

Assistimos hoje a um conjunto de empresas mais sólidas, numa fase de maturidade e que se afirmam detentoras de direitos sobre a região, em face dos sacrifícios que lhe foram exigidos, sem que se tivesse tido em conta o contexto de custos elevadíssimos, em relação a outras regiões. E a questão das portagens, até pode ser levada em conta como se de um assunto de menor importância se tratasse, considerando que uma vez a economia em retoma, não faz sentido rever agora esses custos, tendo feito mais sentido no passado. Não é assim e não podemos pensar desta forma, já que podemos estar agora, na verdadeira fase de expansão e desenvolvimento desta região, por um conjunto de fatores a ter em conta. Desde logo, a implementação de um novo quadro de apoio comunitário, que esperamos venha a ajudar muitas empresas a consolidarem-se, ou enveredar pelos caminhos da inovação, internacionalização e outros.

A necessidade acrescida de trazer para a Beira Baixa, pessoas oriundas de outras regiões e sendo a auto estrada, de capital importância, para a fácil mobilização quer de produtos, de pessoas e serviços, faz com que o assunto das portagens seja demasiadamente urgente. Não faz sentido, penalizar as empresas desta região, com custos elevadíssimos de contexto, entre os quais o transporte de materiais, matérias primas e colaboradores. Hoje assistimos a dinâmicas empresarias interessantes, algumas de uma certa clusterização, com uma forte componente de quadros técnicos e que se movimentam diariamente entre as principais cidades da região, formando um importante eixo de desenvolvimento, ao longo da A23. Esta movimentação diária, em face das despesas exorbitantes de portagens, tem levado ao aumento de acidentes nas estradas circundantes, algumas municipais, que acabam por se revelar incapazes de garantir a mobilidade necessária, com a devida segurança, para os cidadãos.

Urge, portanto, rever o assunto e abolir os pórticos, possibilitando, por esta via, uma importante ajuda à economia regional. São as empresas, que garantem a fixação das pessoas e a vinda de novos quadros para a região, daí a importância da adoção de algumas medidas de discriminação positiva, tanto para empresas como para os cidadãos. E é desta forma, que a AEBB-Associação Empresarial da Beira Baixa, continuará atenta aos desenvolvimentos do tema portagens e outros, não se coibindo de reivindicar/reclamar, sempre que seja necessário, continuando a defender a via do diálogo, em todas as circunstâncias. A AEBB está também convicta, de que os municípios da região, serão capazes de assumir uma posição concertada, nesta matéria, dando assim provas de construção de uma nova Beira Baixa, que urge repensar.

Está em curso um inquérito regional, aos Associados da AEBB, sobre este tema, cujos resultados serão brevemente tornados públicos, prevendo-se a consolidação da posição a assumir, sobre o tema em tratamento.

*presidente da direcção da AEBB-Associação Empresarial da Beira Baixa



Autor
José Gameiro*

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
assunto / portagens / Governo / região / Baixa / Beira / tema / empresas / Empresarial / Empresários

Entidades
Importa / Associação / Associados / A23 / Governo

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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