O Parkurbis é um projecto com passado e com futuro. E quanto ao presente? A resposta é o descalabro em curso.
O Parkurbis - Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, SA, foi constituído por acto notarial em 17.Set.2001, tendo sido inaugurado cinco anos depois a 17.Set.2005. Na passada semana, concluíram-se dez anos desde que abriu portas como primeira estrutura do género no Interior do País. Mas a Câmara Municipal, que é capaz de comemorar a Tomada de Ceuta, não deu por nada e ignorou o Parkurbis, o emprego e as empresas, perdendo a oportunidade de chamar a atenção dos mercados de investimento, para uma estrutura única na Região que deu imenso trabalho a realizar.
I. A ideia nasceu após sugestão de um colega finlandês do Congresso dos Poderes Locais e Regionais da Europa, então presidente da Câmara de Oulu na Finlândia, que me convidou para conhecer o que se fazia naquela Cidade com 190 mil habitantes. Cidade que já então dava cartas como eco-sistema na área das telecomunicações. Uns anos antes, o governo finlandês, tinha definido uma política de criação de "clusters" tecnológicos e a Nokia, que ali tinha nascido, reunia as atenções mundiais na miniaturização de telefones, ainda longe da explosão dos "smartphones", hoje no centro da vida de biliões de pessoas. No final da minha visita, foi celebrado um Protocolo com a Câmara de Oulu, que se revelou muito inspirador para tentarmos fazer algo semelhante, mas à nossa dimensão, na Covilhã.
II. No regresso começamos por pedir à UBI um Business Plan, segundo orientações definidas pelo Município da Covilhã, e com base em estudo empírico mas prospectivo. Foi com esta "bagagem" que veio o primeiro contacto com a PT então presidida pelo Engº Murteira Nabo. Recebeu-me no seu gabinete e, depois de anunciar ao que ia, disparou: "Um parque de Ciência e Tecnologia na Covilhã? Desculpe, convença-me que isso não passa de uma ideia bizarra." Lá expus argumentos quanto à importância crucial de um Parque Tecnológico para reforçar o papel da Universidade. No final, saí com a garantia de que a PT entrava no projecto. E o roteiro prosseguiu. O Prof. Rui Machete, hoje Ministro dos Negócios Estrangeiros e que então presidia à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, abraçou de imediato a ideia e aderiu. Com estes trunfos já consolidados, seguiram-se a Caixa Geral de Depósitos, o IAPMEI, ANIL, Nercab - Núcleo Empresarial da Região de Castelo Branco, UBI- Universidade da Beira Interior, Associação Empresarial de Covilhã, Belmonte e Penamacor e, mais tarde, as Câmaras de Belmonte e Manteigas e empresas como a Frulact, Auto-Jardim e Crédito Agrícola.
III. Perante este cenário societário, importava definir instalações e estratégia de lançamento. Parti então em busca do que de melhor se fazia na Europa. Em Limmerick/Cork, Irlanda, em Boecillo/Valladolid, Espanha e Sophia-Antipolis/Nice, França. Logo depois vieram as primeiras "start-up" superando as expectativas. Seguiu-se a adesão de empresas internacionais como a ROFF, TIM WE, Teleperformance e depois a PC Medic entre outras. Assim nasceram cerca de 1 500 empregos na Covilhã, a que acrescem hoje mais cerca de 250 no Data Center com o primeiro bloco, projecto aliás só possível, porque já havia um reconhecimento da nossa Cidade como destino de investimento em novas tecnologias.
IV. O Parkurbis é um projecto com passado e com futuro. E quanto ao presente? A resposta é o descalabro em curso. Da gestão profissional que deixámos, passou a lugar de apaniguados socialistas no desemprego. Deixaram sair a PC Medic para o Fundão levando consigo cerca de 200 empregos. Para iludir, chegam ao embuste de comunicar esta semana, a instalação de uma empresa de construção civil, a quem alugaram uma sala para gestão de estaleiro, enquanto durar a construção de umas moradias. Andam a brincar à ciência e tecnologia. Mas pior. Depois de anos e anos de trabalho, para convencer a PT e a UBI a integrarem a Administração (o que apenas aconteceu quando chegou o Reitor João Queiroz), a primeira decisão desta Câmara foi correr com estas entidades e substituí-las por desempregados do partido. Não passa uma semana sem que o presidente da Câmara, ou próximos dele, digam mal de investimentos estruturantes como o Data Center, o que significa transmitir uma imagem de neófitos imaturos, de quem os potenciais investidores fogem. É a completa loucura. Quantas cidades se permitem hostilizar quem investe, como se o emprego não fosse a maior fonte de esperança de uma cidade? É por isso que salvar o Parkurbis e depois relançá-lo, já não acontecerá com esta Câmara e com esta gente. No final deste mandato, o que restará são destroços já anunciados. Mas a história do Parkurbis contém uma lição: a de que os covilhanenses precisam de se mobilizar criticamente para evitar a destruição do que tanto custou a construir há mais de dez anos.
Apostilla: Passos Coelho governou exigindo sacrifícios nem sempre no registo socialmente mais justo. Mas a verdade é que o Estado português retomou equilíbrios macro-económicos fundamentais e condições básicas de credibilidade internacional. Em novo mandato, espera-se que respeite o contrato social com cidadãos e famílias e reduza a carga fiscal. Reforme o Estado e o sistema eleitoral.
Autor
Carlos Pinto
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Parkurbis / Covilhã / Câmara / então / Cidade / projecto / Ciência / Parque / UBI / Tecnologia
Entidades
Parkurbis / Engº Murteira Nabo / Desculpe / Prof / Rui Machete
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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