Chamavam-lhes retornados. Na maioria dos casos, eram refugiados. Nunca tinham estado em Portugal, não tinham família na região nem no País, foram obrigados a fugir da guerra e ficaram alojados no antigo Sanatório. Passadas quatro décadas, revêem-se nas pessoas que em desespero arriscam a vida para chegarem à Europa.
Tornou-se recorrente nos últimos meses. Sempre que as imagens de refugiados a tentarem entrar na Europa irrompem pelo televisor, numa sequência de cenas pungentes que se repetem diariamente, Eugénia Mendonça, 68, não consegue conter a comoção.
A situação de gente em desespero, que deixou toda a sua vida para trás, o choro das crianças, a aflição de quem não sabe o paradeiro de familiares, o cansaço de uma jornada a fugir da guerra, o medo e a incerteza do futuro.
Eugénia assistiu a tudo isso e a actual crise migratória transporta-a no tempo, quando também ela se viu obrigada a sair de uma Angola em conflito.
Embora num contexto diferente, porque sabia para onde ia, fez um percurso também ele duro, que lhe deixou marcas difíceis de apagar. Aquelas que se revelam quando fica "lavada em lágrimas" a olhar hoje para a televisão.
(Reportagem completa na edição papel)
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Chamavam-lhes / refugiados / Covilhã / retornados / Europa / recebeu / centenas / Eugénia / fugir / tinham
Entidades
Eugénia Mendonça / Eugénia / Portugal / País / Sanatório
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Emigrantes regressam ao estrangeiro, após férias, mas não querem viver em Portugal...
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