De momento na Covilhã, não faltam, nem espaços, nem ideias.
A bruma do tempo vai lentamente apagando aquele que foi um dos papéis importantes da Associação Cava Juliana enquanto entidade museológica que procurou dar corpo ao malogrado "Museu Eduardo Malta" que esteve para se chamar "Sillia Ermia", e se afirmou com a dignidade possível no campo da arqueologia.
E para que a memória não se apague, no referido espaço museológico reuniu-se uma pequena coleção arqueológica digna de exposição adequada ao tempo, na medida do possível, que foi visitada por muita gente e chegou a ter como intervenientes eminentes arqueólogos, destacando Raquel Vilaça ou Jorge Alarcão, este que apreciava muito este espaço pretensamente museológico, que no dizer do mesmo, reunia uma das melhores coleções de mós da Península Ibérica. Merecedor dum espaço condigno. O que foi tornado público.
Sucede porém que o dito museu nunca ganhou a empatia dos autarcas da Covilhã, exceção feita ao então Governo Civil de Castelo que sempre lhe emprestou apoio, mas os da terra nunca se mostraram entusiastas e o citado museu e associação, depois de uma fusão sem sucesso e resultados, acabaram por se extinguir.
No rescaldo disto tudo as coleções acabaram na posse do município que ora aproveitou algum espólio para colocar no denominado edifício "Patrimonius", outra foi arrumada numa divisão da biblioteca municipal, algum mobiliário de interesse desapareceu e muitas das mós, que fizeram a excelência da Cava Juliana, foram depositadas num jardim da citada biblioteca , expostas aos elementos, sem qualquer critério de resguardo ou proteção, e para ali estão cheias de musgo.
Uma das bonitas peças, quiçá uma das mais valiosas, um "pulvinus" encontrado na quinta da caneca, foi cedido ao museu arqueológico do Fundão; houve peças que se degradaram e tudo assim se desmembrou.
Recentemente visitei o museu arqueológico das Astúrias em Oviedo e lembrei-me da Covilhã, e até divulguei isso no meu Facebook, um espaço com dignidade, sem excessiva profusão de peças mas onde com tão pouco, se fez tanto!
E recordei-me da Cava Juliana. Apenas com as peças arqueológicas da mesma teríamos dado corpo a um espaço temático adequado, que incluísse uma importante componente didática sobre o tema sem grandes gastos, nem que para isso tivéssemos que alienar dois terços dos candeeiros profusamente espalhados pela cidade e que não se encontram ligados! Onde se gastou uma fortuna.
De momento na Covilhã, não faltam, nem espaços, nem ideias. Basta que para o efeito surja a vontade e aquilo que for erguido o seja com dignidade e qualidade sobretudo a pensar no nome, gentes e imagem da Covilhã tão carenciada deste género de realidades que apenas nos engrandecem.
Se deitarmos um olhar atento ao que à volta se vai fazendo, e sem citar o nome aos santos, porque já são vários, poderíamos e devíamos contribuir para o desenvolvimento deste segmento museológico. Não se esqueçam a Sra. Das Cabeças em Orjais, os vestígios da rede viária romana, e outras, temáticas variadas que têm a ver com a diacronia do nosso tempo.
Reitero o que em tempos escrevi e terá provocado engulhos; em vez de pequenas capelas, nesta caso da arqueologia se perdeu o comboio ao não se ter tido a ousadia de dar corpo ao grande museu arqueológico da Beira Interior ou Cova da Beira, o nome é secundário, colocando de parte qualquer tipo protagonismos, mas que visasse tão só dignificar uma região, que não obstante o que já foi feito, muito e melhor está por fazer.
Assim se criam as pontes e se podem unir os municípios e instituições. Fica a sugestão.
Autor
Pinto Pires
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Covilhã / museu / espaço / Malta / Sillia / Ermia / Eduardo / Cava / Juliana / arqueológico
Entidades
Raquel Vilaça / Jorge Alarcão / Sra. Das Cabeças em Orjais / Reitero / Covilhã
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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