Iniciaram-se no sábado, 5 de Março, as comemorações dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, que se estendem até ao primeiro trimestre de 2017.
O aumento de camas na Unidade de Cuidados Continuados, os projectos para o futuro, o desafio de sustentabilidade, a preocupação com os atrasos nos pagamentos do Estado e a gestão do Hospital do Fundão foram alguns dos assuntos em destaque numa entrevista realizada na Quinta Pedagógica, a mais recente aposta.
"Lar precisa ser requalificado"
Quais são as prioridades?
O Lar da Misericórdia, o mais antigo da SCMF, necessita de ser requalificado. Já foi alvo de intervenções que aumentaram o conforto e permitiram a diminuição de custos energéticos, mas está a precisar de uma requalificação que implica a sua ampliação, para continuarmos a ter o número de utentes que temos naquele Lar. O edifício mais antigo do Hospital do Fundão é também uma preocupação. Não o edifício em si, mas os serviços de saúde que se prestam. Por exemplo, na Unidade de Cuidados Continuados, onde temos dez camas de longa duração e dez de curta duração, não tem capacidade de dar resposta às necessidades. E esta é a única unidade desta zona. O tempo médio, entre a referênciação e a admissão na nossa unidade, é muito superior às restantes unidades. E isso acontece porque há muitas solicitações.
Seria importante aumentar o número de camas?
Sim. É um dos nossos projectos para o edifício antigo do Hospital. A proposta foi apresentada há pelo menos três anos, no âmbito de um protocolo com o Centro Hospitalar da Cova da Beira e com o Município do Fundão. Apesar de reconhecer as necessidades, o anterior Governo nunca deu uma resposta. Esperamos que este Governo retome a política de ampliação da Rede de Cuidados Continuados, permitindo que as pessoas possam recuperar numa unidade próxima das suas residências.
"Não estamos obcecados com a gestão do Hospital"
Continua a achar que a gestão do Hospital estaria melhor na SCMF?
Continuo a achar que conseguiríamos ter melhores serviços no Hospital do Fundão, sem gastar mais e até poupando. E digo isto tendo em conta os exemplos dos hospitais que já foram devolvidos às misericórdias. O Hospital de Vila Verde dá resposta em várias áreas a uma população que tem outras respostas perto, e mesmo assim continua a ser uma referência. O de Anadia, que esteve prestes a fechar, tem hoje uma vitalidade tremenda e aumentou as suas respostas à população. E não tem a ver com a competência de quem gere, mas com a forma como se gere. Com a proximidade da gestão, que leva a que se perceba onde é que se pode cortar sem ter impactos negativos e onde podemos apostar para ter impactos positivos. É isso que muitas vezes não se faz, com cortes cegos sem medir os impactos desses cortes. O Hospital teria a ganhar com isso.
Mas vai voltar a insistir no assunto?
Não vou fazer nenhum braço de ferro. Até porque sabemos que a política do actual Governo passa por não devolver a gestão dos hospitais às misericórdias. O que acho é que se devia avaliar em relação aos que foram devolvidos e ver o que se ganhou para depois tomar uma decisão quanto à devolução ou não. Ao contrário do que se foi dizendo, passar a gestão para a Misericórdia não é privatizar. Um dos pressupostos principais é a manutenção do Hospital no SNS, as pessoas (utentes e funcionários) continuariam a ter todos os direitos que já têm. Portanto a única alteração era ao nível da gestão.
"Maior desafio das Misericórdias é a sustentabilidade"
No dia 5 de Março foi lançada a Medalha alusiva aos 500 anos da SCMF, da autoria do escultor José Simão. Para além do Vinho dos 500 anos, será lançado um Selo alusivo à efeméride, em parceria com os CTT. Do programa faz parte ainda o XII Congresso das Misericórdias que acontece no Fundão. Será um dos momentos altos das comemorações?
Acredito que sim. Vamos ter cerca de 500 congressitas, de 2 a 4 de Junho, e a participação de várias personalidades importantes. Será concerteza muito enriquecedor em função das temáticas. E será também muito importante para a região, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista da promoção. Procurámos também criar uma actividade complementar ao Congresso, que é a Feira da Economia Social, com a participação de Misericórdias e outras entidades do terceiro sector, bem como uma mostra do que melhor se faz na região.
Será também um momento de reflexão?
Sim. O maior desafio para as Misericórdias, tenham maior ou menor dimensão, é a sustentabilidade. Porque isso garantirá o futuro e a prestação de serviço à comunidade. Para que possam concretizar esse objectivo terão que ser inovadoras na resposta às necessidades das pessoas. Com qualidade, diminuindo a despesa, o que é algo difícil. Mas não é impossível. É peciso procurar receitas a outros projectos que se possam desenvolver em outros sectores.
(Excertos de uma entrevista que pode ler esta semana na edição em papel)
Autor
Susana Proença
Palavras-Chave
Hospital / Fundão / misericórdias / gestão / Unidade / Iniciaram-se / Santa / Casa / Lar / resposta
Entidades
José Simão / Misericórdias / Unidade de Cuidados Continuados / Lar / SCMF
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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