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O estranho muro da casa onde foi encontrada a Torá

2016-09-30

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Peça histórica, entretanto, já foi vendida.

Orlando de Jesus ficou surpreendido quando na semana passada um amigo da Covilhã lhe ligou a dizer que na casa onde nasceu, há 72 anos, tinha sido encontrado um documento judaico que se supõe ter mais de 400 anos.

À surpresa, aliou-se a curiosidade sobre o achado da Torá no número 19 da Rua de São Bartolomeu, residência da avó, doméstica com seis filhos, e do avó, afinador de máquinas na Fábrica Guilhermino Melo e Castro & Companhia. Casa de dois pisos e rés-do-chão onde a mãe também foi parteira. A última vez que lá entrou foi há 50 anos, quando a avó, no final da vida, foi morar com familiares. Entretanto, foi habitada por outras pessoas, e Orlando nunca mais teve coragem de passar a porta de entrada, para "preservar as boas memórias".
O tecto sob o qual nasceu, e onde morou até aos 19 anos, com um interregno durante o qual vinha passar as férias, é tão marcante para Orlando de Jesus que o empresário têxtil, radicado em Mira de Aire, há 35 anos encomendou uma pintura a óleo do local ao artista João Mário, que lhe custou na época 50 contos. Agora espera que a Torá, pergaminho com o texto sagrado do judaísmo, fique exposto, para que tenha oportunidade de observar ao vivo o objecto que nunca viu em casa dos avós, não judeus.

Casa igual às outras com muro largo no quarto

Orlando lembra que a casa mesmo junto à porta da sacristia da Igreja de São Francisco, nas traseiras, demolida há cerca de doze anos, "era uma casa portuguesa, com certeza, igual às outras". O soalho era em madeira, as divisórias feitas de "ripas sobrepostas" e as paredes muito grossas. Uma habitação antiga, com mobiliário também muito antigo, o habitual numa época de pouca abundância. No entanto, no quarto dos avós, algo sempre o intrigou: um muro muito largo no interior, aparentemente sem qualquer utilidade ou justificação. "Achei sempre anormal um muro daqueles dentro do quarto da minha avó", conta ao NC.

Por isso, se tivesse de arriscar onde terá sido encontrada a Torá, diria que dentro desse muro sem lógica aparente. Ou no meio das paredes. Eventualmente, enterrada no rés-do-chão, onde morou um polícia e a esposa e entretanto outras pessoas. No soalho é que não. Nem dentro de qualquer armário. A peça não é familiar a quem ali morava naquela época, em casa arrendada. O que deita por terra uma hipótese avançada de ter sido ali a sinagoga de 1929, criada durante a Primeira República, uma vez que à data já a mãe, ainda viva e lúcida, ali morava.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Actualidade

Palavras-Chave
casa / Torá / Orlando / Covilhã / avó / muro / Jesus / entretanto / avós / histórica

Entidades
Orlando de Jesus / Orlando / João Mário / NC / Covilhã

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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