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A brisa que sopra ânimo para dentro da cadeia

2017-04-13

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No Estabelecimento Prisional da Covilhã há voluntários que prestam apoio espiritual, cultural, que organizam acções educativas, desportivas, e que levam roupa e produtos de higiene a quem não tem apoio familiar.

Júlio, 46 anos, natural da zona de Aveiro, estava detido no Estabelecimento Prisional da Covilhã (EPC) e nunca tinha recebido qualquer visita. Até que um dia lhe disseram que alguém o esperava. Estranhou. Achou que era engano. Ficou surpreendido quando viu uma senhora que queria falar com ele. Era uma das voluntárias que dá apoio religioso, Isabel. Se nessa primeira abordagem nem sabia o que dizer, passou a aguardar com ânsia cada regresso semanal. Afinal, era uma forma de interromper a rotina de dias que não se distinguem. Uma brisa do exterior.

Sem suporte nem contacto familiar, as acções de voluntariado têm para Júlio um impacto material e emocional. "Confortam-nos. Dão-nos ânimo. Dão-nos força para a gente sair daqui e se conseguir endireitar", sublinha. Depois da missa de sábado, há tempo para conversar. E esses são momentos de evasão para o homem que ainda criança já trabalhava na construção civil e a quem o álcool fez companhia desde a meninice.

"Isto cá dentro é complicado para quem não tem ninguém. Esses momentos tiram-nos o peso de estarmos cá, faz-nos sentir outros. O apoio moral que dão dá-nos alento para a gente não desanimar", frisa Júlio, que entretanto cumpriu a primeira pena de seis anos, mas regressou e aguarda a sanção por nova falha.

Os muros altos confrangem. As grades prendem até o pensamento. O ambiente prisional condiciona a mente, que por vezes escapa para memórias ou ideias que se querem evitar. "Os pensamentos torturam-nos. Enquanto não tenho trabalho cá dentro, a gente anda para a frente e para trás e só pensa em asneiras. Elas ajudam-nos a esquecer o mal. Tanto o que fizemos como o que não queremos voltar a fazer. Ajudam a aliviar", realça Júlio, dedos entrançados e os dois polegares a formar um triângulo em movimento, onde os olhos, distantes, se fixam.

Reportagem completa na edição impressa do NC.



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Estabelecimento / Covilhã / EPC / Aveiro / Júlio / Prisional / cultural / desportivas / espiritual / educativas

Entidades
Júlio / Isabel / EPC / NC / Estabelecimento Prisional da Covilhã

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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