Em nome dos trabalhadores, haja memória..
Sabemos que no 1º de Maio se comemora o Dia do Trabalhador. Nunca é demais lembrar! Se entrarmos na nossa memória, onde por vezes não apetece ir, tal é a dureza dos tempos, lembramos as terríveis execuções de 1887, resultantes de 4 dias de reivindicações de trabalhadores na cidade de Chicago que, em união, reclamavam pela redução da jornada de trabalho para 8 horas. Reclamavam porque o normal de então era trabalharem 12 a 16 horas por dia, em condições miseráveis, num verdadeiro atentado à dignidade humana.
Assim, neste dia, lembremos a justa homenagem aos Mártires de Chicago, aos sindicalistas anarquistas que foram executados na célebre Revolta de Haymarket. Lembremos que, para além da vida que muitos perderam, outros-milhares- foram despedidos, presos, incriminados, feridos ou torturados. Maioritariamente eram emigrantes: italianos, espanhóis, alemães, irlandeses, russos, polacos e de outros países eslavos.
Os trabalhadores são frequentemente usados em nome de políticas tenebrosas, e nem tudo o que parece é- "Enganando" com falas mansas- foi Hitler também a decretar o 1º de Maio, Dia do Trabalhador e dia feriado, decretando ainda a obrigação do pagamento desse dia aos trabalhadores, enquanto na Rússia, Lenin apenas declarava dia feriado. Paradoxalmente, ou não, este dia não é comemorado nos Estados Unidos da América, mas sim na primeira segunda feira de setembro- Labour Day—assim é conhecido.
Em Portugal, foi apenas, tardiamente, que aqui chegaram tais ventos: só depois da Revolução de 25 de Abril, este dia passou a ser feriado, pago como dia de trabalho, comemorado e festejado em liberdade, em nome da dignidade humana e do respeito por quem trabalha—o 1º de Maio passou a ser um dia emblemático, depois da longa noite de ditadura salazarista.
Atualmente, doa a quem doer, o 1º de Maio pretende ser a afirmação da igualdade, do fim do assédio, da consolidação da democracia, do fim da precariedade, da qualidade dos empregos, da dignidade de todos e todas as trabalhadoras. Mas é também uma chamada de atenção aos jovens que procuram ou entraram no mercado de trabalho, para que se possam lembrar que devemos muitos dos direitos que hoje usufruímos, e que vivemos em condições melhores, graças, a este singular movimento onde muitos pagaram com a vida.
Para que a memória não se apague, lembro as palavras de August Spies, um dos mártires de Chicago e líder da luta do 1º de Maio de 1886, momentos antes de ser executado: "A voz que agora vão sufocar será mais poderosa no futuro, que todas as palavras que agora pudesse dizer"
Autor
Vítor Pinho
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Maio / trabalhadores / Chicago / memória / feriado / Trabalhador / dignidade / haja / reclamavam / Mártires
Entidades
Mártires de Chicago / Hitler / Lenin / August Spies / Chicago
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
São todos sobejamente conhecidos e não têm vergonha na cara...
...