Entrevista a Vítor Pereira.
Notícias da Covilhã- Porque é que, quatro anos depois, se volta a recandidatar a presidente da Câmara?
Vítor Pereira- O PS entendeu que eu era o militante mais bem posicionado para este combate. Convidou-me e aceitei, pois não sou homem de virar a cara à luta. É um grande desafio, do qual me orgulho. Aliás, tenho muito orgulho em todos quantos deram a cara pelo PS à Câmara no passado. Estou aqui para honrar uma candidatura que é livre, determinada, que pretende ser ganhadora.
Incomodou-o, de alguma maneira, a directiva de José Sócrates de que os candidatos às autárquicas não o fossem às legislativas?
Confesso que desde finais de Janeiro que ouvia nos corredores de São Bento e do Largo do Rato falar nessa eventualidade. Embora considere que a decisão, quanto ao tempo em que foi apresentada, foi extemporânea, não fui totalmente apanhado de surpresa. Mas quando fui convidado para assumir a candidatura à Câmara, coloquei logo de parte a possibilidade de me candidatar ao Parlamento, contrariamente ao que alguns dizem. É óbvio que não é uma decisão fácil, mas é uma decisão que tomei de livre e espontânea vontade. Se for eleito presidente da Câmara, como espero, tenho a experiência de saber porque portas devo entrar para defender os interesses da Covilhã e do seu concelho.
A imagem de convulsões internas no seio da concelhia, no último ano, não o terá beneficiado…
Nem beneficiou nem deixou de beneficiar. Os partidos são famílias, com altos e baixos, com as suas crises, mas depois também têm as suas reconciliações, a sua paz interna. Neste momento o PS tem uma concelhia com pujança, cheia de força, que me convidou para esta candidatura. O PS está coeso em torno desta tarefa, que é conseguir ser presidente de Câmara.
Há muito que o PS está afastado do poder na Covilhã. Como é que espera ganhar?
Há 12 anos que o PS não tem o poder na Câmara, mas tem aprendido com esse período de oposição e tem enriquecido o seu património político, para usar da melhor forma. Há grande vontade de mudança manifestada por pessoas dos mais diversos âmbitos. A minha candidatura vai muito além do PS. Todos os dias as pessoas me dão ânimo, de outros quadrantes políticos, num desejo de mudança covilhanense que anima a nossa luta.
Há quatro anos conseguiram dois vereadores. Tudo o que não for mais que isso será uma derrota, não é?
Obviamente. Mas o meu objectivo é ganhar a Câmara. Não é apenas aumentar o número de vereadores. A fasquia para um partido como o PS, na Covilhã, é sempre a de ganhar e não fazer apenas um bom resultado.
Após este último mandato, como vê o concelho?
A Covilhã está a atravessar uma crise. Não é uma cidade atractiva e competitiva. Está numa encruzilhada e precisa de um novo alento. Por isso temos ideias claras de como atacaremos os problemas que tem.
Quais são?
Desde logo os problemas financeiros do município. É o nono mais endividado do País.
Mas tem obra…
Pois tem. Se não tivesse, era caso de polícia. O problema que se põe é de sustentabilidade financeira. Temos medidas para isso, num cenário em que as receitas tenderão a diminuir. Reduzir a despesa pela racionalização dos recursos é uma delas, mas também promoveremos uma política de captação de receitas através do que a exploração das energias alternativas nos proporcionará, com a construção das barragens do concelho e da energia a elas associadas, com criação de parques eólicos e de energia fotovoltaica. Empreendimentos que passarão pelas parcerias público/privadas.
E que mais querem fazer?
Apostar na fixação de empresas, constituir uma empresa municipal de capital de risco, que poderá alavancar projectos de micro e médias empresas e dar o empurrão que algumas empresas precisam. Criaremos também um gabinete de apoio ao investimento, uma plataforma municipal de emprego, e incentivos à fixação de empresas. Entendemos que aqui a política fiscal tem um papel decisivo. Urge baixar a derrama, o IMI, e prescindir de parte do IRS que reverte para o município, beneficiando os cidadãos e estimulando a economia local. É também uma forma de fixar população.
Mas face ao quadro de endividamento que apontam à Câmara não será um contra-senso avançar com medidas dessas?
Não é, porque é o dinheiro que os cidadãos pagam e reverte para os cofres municipais. E há tanto dinheiro público mal gasto. Por exemplo, em trabalhos a mais nas obras. Raramente uma obra municipal, na Covilhã, não tem uma derrapagem financeira. É uma questão de projectos mal calculados, ao ritmo eleitoral. Obra para eleitor ver. Para nós é claro que, havendo redução de IRS, teremos mais habitantes, pessoas a quererem cá morar e trabalhar e, por conseguinte, também mais contribuintes cá. Isto impulsiona toda a actividade económica.
E em outras áreas, que mais prioridades têm?
O espaço público continua pouco aprazível, havendo uma incapacidade de se implementar um urbanismo de proximidade e em cuidar zonas residenciais e comerciais, de modo a torná-las mais aprazíveis. Neste capítulo, a Câmara tem que ter outra postura. A imagem de permanente conflito com estruturas supra-municipais tem prejudicado a imagem da cidade.
Ou seja, a postura de Carlos Pinto com alguns órgãos do Governo prejudica a Covilhã, é isso?
Prejudica a Covilhã. E não é só com os órgãos do Governo. Tudo o que se possa entender como organismos supra-municipais. No urbanismo há muito a fazer, como por exemplo promover a revisão participada do Plano Director Municipal, com a participação activa dos cidadãos, realizar planos de desenvolvimento das freguesias, estabelecer uma política municipal de habitação para acesso a habitações condignas sociais a custos controlados. .
Então, aqui, essa política não é boa?
É insuficiente. Tem aspectos positivos, mas tem-se produzido a "guetização", com habitações de pouca qualidade.
(Entrevista completa na edição papel)
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Câmara / Covilhã / Pereira / Notícias / Vítor / municipal / candidatura / ganhar / empresas / política
Entidades
Vítor Pereira Notícias da Covilhã- Porque / Vítor Pereira- / José Sócrates / Confesso / Carlos Pinto
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