A subir no concelho da Covilhã há mais de dois anos e meio.
"A trajectória de longo prazo do desemprego no concelho da Covilhã é de crescimento praticamente constante desde Janeiro de 2008 a Julho de 2010, com uma aceleração a partir dos fins de 2008, acompanhando a crise do subprime, financeira e geral, quer nacional quer internacional". É esta uma das conclusões do novo estudo do Observatório da UBI, coordenado por Pires Manso, que revela que a Covilhã tem "um problema sério de desemprego" que tem crescido de forma "constante" ao longo dos últimos dois anos e meio. Em Julho deste ano, segundo o documento, havia no concelho 3529 pessoas em situação de desemprego.
O documento revela ainda que os desempregados do sexo feminino são sempre superiores ao do sexo masculino, havendo no entanto a tendência "no sentido do encurtamento dessa diferença".Em Julho de 2010 registaram-se no concelho da Covilhã 3529 desempregados, mais 28 do que no mês anterior. Deste total, 1999 são do sexo feminino, o que corresponde a cerca de 57 por cento do total, e 1530 são desempregados do sexo masculinos (43 por cento). Ao longo dos últimos 31 meses as mulheres têm sido "as mais afectadas pelo desemprego, atingindo o pico de desfasamento em relação aos homens em Setembro de 2008, em que, num total de 2988 desempregados 1766 eram do sexo feminino (59 por cento) e 1222 do sexo masculino (41 por cento)." Em situação oposta, o período em que o fosso entre os dois sexos foi menos acentuado foi em Dezembro de 2009.
A faixa etária do 35 aos 54 anos é a que apresenta mais desempregados sendo o grupo dos menores de 25 anos (faixa dos 16-25) aquele que apresenta valores mais baixos. Em Julho de 2010 o primeiro grupo registava 1566 desempregados, cerca de 44 por cento do total. A faixa dos 25 aos 34 anos "tem tido um aumento progressivo, oscilando entre aumentos e descida, com um pico de máximo de 798 e uma vaga de mínimo de 636, em que as mudanças dos picos - vagas ocorrem nos períodos de sazonalidade; aliás, esta é a faixa etária mais afectada por este fenómeno. Em Julho de 2010 registou 745 desempregados" explica Pires Manso, que diz ser o fenómeno da sazonalidade um dos que mais contribui para atenuar os números do desemprego no concelho. "O desemprego covilhanense apresenta uma certa sazonalidade, sendo os períodos de Verão e as épocas festivas de Natal e Ano Novo (Inverno) os que apresentam menor número de desempregados; por sua vez é mais ou menos no início de cada ano (particularmente em Janeiro), depois do pico de emprego do Natal - Ano Novo, que se regista o maior desemprego" afirma o responsável pelo Observatório de Desenvolvimento Económico e Social da UBI. O aumento turístico associado ao acréscimo de actividade comercial, bem como algumas colheitas, e a neve, serão os responsáveis pelo atenuar dos números, explica.
Há quem prefira o subsídio
Os dados também revelam que os desempregados com 55 ou mais anos "tem vindo a aumentar gradualmente sem grandes flutuações ao longo dos meses, passando de 680 em Janeiro de 2008 (22,4 por cento), para 830 em Julho de 2010 (23,5 por cento). Esta situação é particularmente gravosa "porque estão em causa pessoas que são demasiado novas para se reformarem e são demasiado velhas para se empregarem e reconverterem profissionalmente" explica Pires Manso.
Quanto à oferta de emprego, "é bastante baixa face a procura, havendo sempre mais pessoas a procurar emprego do que vagas oferecidas para emprego" diz o estudo. Que revela que as colocações de inscritos nos empregos oferecidos "ficam sempre aquém das vagas existentes com algumas pessoas a preferir viver do subsídio de desemprego do que do salário auferido nalgumas profissões" explica Pires Manso.
O desemprego é maioritariamente de curta duração, o que, "face à pouca oferta de emprego local, poderá querer dizer que as pessoas se cansam de procurar emprego no concelho e se transferem para o Litoral ou estrangeiro onde esperam encontrar solução para este grave problema pessoal e da sociedade" diz Pires Manso.
O número de desempregados que espera mais de um ano para conseguir emprego tem vindo "a aumentar progressivamente, sofrendo, no entanto, um aumento mais significativo de Dezembro de 2009 para Janeiro de 2010".
O grupo com maior número de desempregados no mês de Julho do corrente ano de 2010 tinha apenas o 1º ciclo do Ensino Básico (4ª classe) com 30,2 por cento, seguindo-se os desempregados que concluíram o ensino secundário ligeiramente acima dos que concluíram o 3º ciclo, com 19 e 18,9 por cento respectivamente. Logo atrás vêm aqueles que possuem o 2º ciclo de escolaridade (9º ano) com 16,9 por cento e mais abaixo as pessoas habilitadas com o Ensino Superior completo com 9,9 por cento. "De registar que, nos dias de hoje, há ainda 5,1 por cento de desempregados que tem menos do que a 4ª classe" afirma Pires Manso.
O estudo refere ainda que apenas 8,7 por cento dos desempregados estão inscritos no Centro de Emprego, um total de 307 inscritos. "Foram registadas 134 ofertas de emprego das quais apenas 74 foram ocupadas, 39 por parte de homens e as restantes 35 por mulheres" afirma Pires Manso que diz serem as mulheres "as que mais procuram por emprego".
Quanto aos motivos para esta situação, dos 307 desempregados inscritos que constam das estatísticas e que referem o motivo do desemprego no concelho da Covilhã, a sua maioria, 27 por cento (83 pessoas) são ex-inactivos, seguindo-se, com 24,1 e 20,2 por cento os que alegam outros motivos e os que acabaram o contrato de trabalho não permanente, respectivamente. Com 16,9 por cento encontram-se os que alegam ter sido despedidos e ainda com 7,5 por cento os que se despediram dos respectivos empregos por iniciativa deles próprios. Em último lugar dos motivos de inscrição encontram-se os Trabalhadores por Conta Própria e os Despedimentos por Mútuo Acordo com 3,3 e 1 pontos percentuais, respectivamente.
Autor
NC
Palavras-Chave
desempregados / Julho / desemprego / Covilhã / Pires / emprego / Manso / concelho / sexo / pessoas
Entidades
Pires Manso / Ano Novo / Trabalhadores / Covilhã / Janeiro
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