Os meios de comunicação abrem suas páginas diárias com o nome da Covilhã.
Andava tudo tão pesaroso, a rogar pragas por tudo e por nada, a mandar vir por dá cá esta palha e eis que Maio, apesar das inconstâncias do tempo, se abriu em flores com montões de gente pelas ruas e estradas, não só em movimentos de protesto ou reivindicação, mas mais em desabafos de solidariedade clubística, religiosa, patriótica.
Primeiro os Dragões fizeram as Águias voar baixo com acompanhamento musical à base de assobios e pétalas de flores disfarçadas de isqueiros e demais objectos de alguma dureza. Conseguiram depois as Águias subir mais alto que o Bom Jesus de Braga trazendo à rua cores encarnadas misturadas com grafites, bandeiras e bandeirolas, cachecóis e outros adereços embelezados também de palavrões e certos destemperos gestuais.
No mesmo capítulo, de âmbito desportivo, os sportinguistas da Covilhã, em aflição até ao último segundo do seu campeonato, também foram capazes de cantar vitória e unir-se em júbilo, ao conseguirem manter-se numa posição de não despromoção, que alegrou dirigentes, autarcas, adeptos e todos aqueles que ao longo de um ano desportivo enfeitaram as bancadas do estádio, grande parte das vezes num silêncio comprometedor, um tanto condizente com o natural decorrer do espectáculo.
Não bastando essa vertente desportiva para aquilatar das energias e capacidades lusitanas, quis aliar-se a nós Sua Santidade o Papa Bento XVI que, em sua simplicidade e ternura, cativou portugueses e gentes de outros povos irmanada nos desígnios de Fátima e na humildade dos Pastorinhos. Uma jornada que envolveu a sociedade não apenas os que professam os valores da fé, mas também ao nível dos mais altos quadros de natureza política e representativa da Nação. Poderemos dizer que a população portuguesa se expandiu ao seu mais alto nível, num comportamento exemplar, tanto a nível organizativo como de pura participação no decorrer dos actos cerimoniais, numa demonstração do mais elevado sentido humanitário e de reflexão social.
Mas não ficámos por aqui porque cá para as bandas da Serra, nossas bandas, já se abriram portas àqueles que irão ser nossos representantes no Campeonato do Mundo de Futebol. Os meios de comunicação abrem páginas diárias com o nome da Covilhã. Esperamos que esses propósitos possam vir a ser traduzidos em momentos de glória e algum proveito publicitário a respeito não só dos nossos ares, das nossas inegáveis amabilidades, mas também daquilo com que se compram os melões. Os seleccionados estão entre nós com seus dirigentes e orientadores e a Cidade parece viver também de uma certa euforia, no bom sentido, e em continuação do movimento estabelecido nas semanas precedentes, a que foi feita referência, e a que deveremos acrescentar ainda as cerimónias do Dia da Universidade da Beira Interior, em todo o envolvimento académico correspondente ao significado de que a UBI se reveste para todos nós.
Em tempos de reconhecidas dificuldades, a que até os vapores vulcânicos continuam a querer aliar-se, foi possível, em pouco tempo, levantarem-se estruturas desportivas complementares; lançarem mãos a acções pontuais apontadas para o visual; levarem-se a cabo momentos de animação comunitária e programar com rigor aspectos de segurança que deverão preservar candidatos a campeões do mundo e seus responsáveis nacionais. Seria excelente se se conseguisse aplicar essa mesma dinâmica no dia-a-dia, despido de circunstâncias excepcionais. A comunidade bem mereceria e é bem capaz de demonstrar as suas virtualidades, mesmo fora das horas de eventos semelhantes aos que atrás foram relatados. É uma questão de puxar por ela para o bem e para o mal.
Autor
sérgio gaspar saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Maio / Covilhã / Andava / Águias / flores / religiosa / patriótica / pesaroso / apesar / estradas
Entidades
Santidade o Papa Bento XVI / Fátima / Pastorinhos / Águias subir / Covilhã Andava
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Este outubro foi um mar de acontecimentos e celebrações...
Não há muito, era galardão político e social com direito a nome de rua e sei lá que mais, o ser capa...