Dois mil e dezasseis entrou ao compasso de umas novelas que nos vêm ocupando tardes e noites a fio.
Aí está mais um ano para o qual teremos que juntar forças e unir esforços se não quisermos continuar no baloiço que durante muito tempo nos foi embalando com resultados por demais conhecidos e perturbadores da estabilidade social que tanto vamos apregoando. A insegurança no quotidiano foi-nos atirando para uma sonolência quase doentia que se vê refletida no desenrolar de nossas vidas despejadas de ânimo e capacidades para calcorrear os caminhos do progresso a todos os níveis.
Vivam os efeitos da bola, essa, sim, que vai atirando sacadas de milhões para uns tantos que conseguem aumentar o tamanho e a carga colorida das letras gordas jornalísticas acompanhadas de um verdadeiro desvario linguístico televisionado. Continuamos a sonhar que, tendo Portugal uma forma retangular, como nos ensinaram, se fosse colocada uma baliza no Algarve e outra no Minho e a cada português fosse entregue uma bola, muitos mais milhões entrariam em nosso reino porque a bola, essa é que esta a dar e nos vai fazendo erguer os braços de contentamento e de glória. E se as bolas fossem para o mar, lá estariam os submarinos para as apanhar e, se os pontapés as atirassem para muito alto, mesmo que as bolas atingissem os aviões da TAP, não haveria problema porque a TAP parece que também já não nos pertence.
As desavenças verbais entre quem comanda clubes, entre conhecidos treinadores e homens do apito têm dominado noticiários ao longo de semanas a que nem Jesus escapou, mesmo em seu tempo natalício. Já Lopetegui deu à sola com despedida a lenços brancos que limparam lágrimas de dragão, sorrisos de leão com bater de asas em águias de voos discretos.
Dois mil e dezasseis entrou ao compasso de umas novelas que nos vêm ocupando manhãs, tardes e noites a fio. Uma delas só terminará quando colocarmos a cruzinha num papelinho que será encatrafiado na ranhura duma caixinha de tonalidade escura. É a novela "Presidenciais", cujo enredo nos vai deixando baralhados depois de tantos debates carregados de nuvens e ondas altas e numa tonalidade verbal que vai baralhando sentidos auditivos e os visuais. A segunda fase desta novela já se iniciou e vamos ver se não será necessário gravar novos episódios lá mais para a frente para sacudir a poeira que parece encobrir a carpete que se estende pelos corredores de Belém por onde não se sabe ainda se passarão saltos altos ou sapatos de tipo mais para o rasteiro.
Todos esperamos que o novo ano nos traga bom tempo, já que até agora não tem faltado chuva nem vento, se bem que todos nós quereríamos, sim, um sol de esperança, conforto e tranquilidade capaz de nos fazer sorrir e sonhar com uma vida ativa mais bem partilhada, repleta de valores desprovidos de provocações, desvarios e loucuras que, em vez de nos unirem, nos desmotivam, nos separam e nos afrontam.
Como Natal é todos os dias e sempre que o homem e a mulher quiserem, então natalisemo-nos e preparemo-nos para festejar os dias santos e feriados que, depois de rapinados sem rei nem roque, foram finalmente recuperados e metidos na linha.
Autor
Sergio Gaspar Saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
bola / tempo / bolas / TAP / apregoando / levem / teremos / juntar / forças / unir
Entidades
Jesus / Lopetegui / TAP / Portugal / Algarve
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