Aqueles que hoje nos apelidam de lixo pode ser que algum dia ainda se venham a ver, eles próprios, bem lixados.
Agora que pensava que tudo teria ficado em ordem, após um processo eleitoral tão disciplinado, tão "comedido na crítica e fácil no elogio", como reza o Código de Ética do Lionismo, aparecem-nos, nas folhas de imprensa e nos écrans televisivos, comentários que pretendem apelidar de lixo aqueles que "deram novos mundos ao mundo", numa altura em que não era qualquer um que se aventurava nas ondas do oceano nem imaginava que houvesse outras terras para além daquelas que limitadamente pisavam, ficando-lhes o olhar limitado pela incerteza e desconhecido.
As senhoras agências com nome esquisito e ligadas àquilo com que se compram os melões e não só, e que apenas conhecem o que antigamente chamávamos de cifrões, ainda bem que nos trouxeram à baila tais realidades porque a grande maioria da população nacional nem sequer sabia que tais coisas existiam e que tais agências financeiras viviam à custa do lixo e das lixeiradas, mais ou menos bem orquestradas e urdidas. Querem troycar-nos as voltas, é o que é, como se o sangue lusitano não corresse nas veias e deixasse por mãos alheias aquilo que sempre foi capaz de fazer nem que para tanto fosse necessário cuspir nas unhas e desenferrujar as enxadas. Vamos ver onde param as modas, mas uma certeza temos nós: é que, por certo, não envergonharemos os que nos antecederam, aqueles que Camões cantou e enobreceu e aqueles que puseram pés a caminho para terras distantes, em busca de nova vida, calcorreando montes e vales sem domínio de um único vocábulo linguístico para além do "merci e mutchas gracias".
O rol das dificuldades e escuridão do horizonte sempre fizeram parte do quotidiano lusitano de que nem Viriato e Sertório se livraram, mas que conseguiram levar a água a seus moinhos. Isso sabemos nós porque a história não falha. Aqueles que hoje nos apelidam de lixo pode ser que algum dia ainda se venham a ver, eles próprios, bem lixados.
Sabemos que a união faz a força e teremos que unir-nos para deixarmos de parecer aquilo que não somos em qualquer das circunstâncias. Que o digam as festividades ocorridas nos últimos dias e os milhares de participantes envolvidos; que o digam as transferências de atletas pagas a milhões e milhões e os estágios desportivos além fronteiras; que o diga o infindável número de turistas, oriundos de terras longínquas, que se espojam em praias das terras a que uns tantos apelidam de lixo… Nem tudo será tal como alguns nos querem fazer querer. O que sabemos é que teremos que estar atentos, desenvolvendo esforços como sempre foi necessário, puxando por todas as capacidades e estímulos no sentido de se fazer ver, a certas forças financeiras, que há outras realidades para além dos gráficos e dos números. E se a poupança for um dos aspectos a ter em conta, que se organizem as regiões, que se unam as freguesias e que se estreitem os laços de proximidade a exemplo do que fizeram, no passado domingo, as comunidades paroquiais de S. José, S. Vicente de Paulo, S. Domingos, Vila de Carvalho, Conceição, Rodrigo, nas cerimónias do Neo Sacerdote Padre Rafael Neves, as quais, por certo, vão ficar bem marcadas no espírito de todos aqueles que as viveram e nelas se incorporaram.
Autor
sérgio gaspar saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Lixo / Lionismo / Código / Ética / terras / tais / mundos / mundo / apelidam / sabemos
Entidades
Camões / Viriato / Sertório / Rodrigo / Neo
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Dois mil e dezasseis entrou ao compasso de umas novelas que nos vêm ocupando tardes e noites a fio...
Sempre tivemos fama de descobridores dos mares, mas agora as águas são outras e turvas e os mareante...