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Tempos que correm

2012-07-25

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Sempre tivemos fama de descobridores dos mares, mas agora as águas são outras e turvas e os mareantes andam de fato e gravata descobrindo-se uns aos outros.

Depois dos efeitos da bola que deu ânimo durante umas boas semanas e já está a preparar-se para nova caminhada com bicicletas e atletismo à mistura, as festas e romarias não se fizeram esperar, desafiando mesmo as irregularidades do tempo que às vezes parece prometer mas, à última hora, é o vento bem capaz de substituir o abanador das brasas para apressar a assadura da sardinha. Que o diga a comissão de festas dos Penedos Altos onde nem S. José lhes valeu. Vejam lá que até na regularidade do tempo se fazem notar os efeitos da crise. O certo é que as tradições se vão mantendo querendo dar sinal que nem tudo vai tão mal como dizem ou, pelo menos, não se faz notar tanto como anunciam os órgãos de comunicação que a todo o momento bombardeiam quem os lê ou se prega a olhar para écrans de todo o tamanho e onde tudo se escarrapacha em horas a fio.
O desequilíbrio financeiro e organizacional na saúde, as incertezas no sistema educativo, judicial, autárquico e tudo o mais que vai causando aflições quanto bastem são parangonas que afetam dia a dia o comum do cidadão, lembrando que a faustuosidade oferecida a alguns, durante anos a fio, haveria de ter um fim como tudo na vida, apanhando pelo caminho muitos que nada tiveram a ver com a abastança, desvario ou loucura económica e financeira, mas se vêm envolvidos também eles numa algazarra social que vai entulhando gargantas e entupindo os ouvidos. Mesmo aqueles que se arvoram agora donos de tudo, de todos e do mundo, hão de um dia cair por terra, isto se não for por água onde as braçadas até é provável que não lhes venham a surtir grandes efeitos. Aos que hoje se intitulam portadores do saber, retratado em papéis de cabeçalhos dourados, enfeitados de assinaturas e carimbadelas de nível superior, há de suceder-lhes o mesmo, a ponto de os ditos currículos não garantirem entrada triunfal no reino dos deuses. Só que enquanto se passeiam pelas bandas de cá parece que tudo lhes vai sorrindo até à altura em que um qualquer aventureiro descubra o emaranhado filão dos euros e a nascente de onde brotam as ideias e sussurra o prestígio.
Sempre tivemos fama de descobridores dos mares, mas agora as águas são outras e turvas e os mareantes andam de fato e gravata descobrindo-se uns aos outros. quando menos se espera. É isto que vem acontecendo e vai levando meio mundo a desacreditar no outro meio e, sobretudo, naqueles que se posicionam em frente de uma sociedade ávida de garantias de segurança, de conforto social sem desprezo das capacidades individuais e do esforço coletivo tantas vezes subalternizados. É urgente e vai sendo tempo de se assentarem os pés na terra, arregaçar as mangas e estender os braços firmando os olhos no país real. A língua ficará para depois, lá para mais tarde, quando os que foram aconselhados a cavar voltarem ao país agrícola que os viu nascer, onde dizem que apenas os nabos ficaram.



Autor
Sérgio Gaspar Saraiva

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
tempo / festas / efeitos / mesmo / lhes / mistura / esperar / desafiando / sardinha / correm

Entidades
S. José / Penedos Altos

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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